Economia

Sob pressão das importações, Usiminas não descarta demissões

Sobreoferta artificial de produtos no mercado impacta os preços praticados pela companhia, que já cogita efetuar demissões
Sob pressão das importações, Usiminas não descarta demissões
A planta da Usiminas em Ipatinga está operando com uma taxa de utilização da capacidade instalada próxima da média atual do setor, em torno de 66% | Foto: Divulgação Usiminas

A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) não descarta a possibilidade de realizar demissões caso as importações de aço continuem em alta. Até o momento, a empresa não anunciou oficialmente desligamentos, embora admita estar pressionada pela situação.

O aumento dos desembarques também tem impactado os preços praticados pela companhia. Com uma sobreoferta artificial no mercado, a siderurgia enfrenta estoques elevados, sobretudo devido a importadores que atuam de forma especulativa, o que pressiona os valores finais. Há uma dispersão de preços no mercado interno, fator que gera instabilidade nas relações comerciais e compromete o planejamento das siderúrgicas.

As declarações foram feitas pelo vice-presidente comercial da Usiminas, Miguel Homes, em entrevista ao Diário do Comércio, durante o Congresso Aço Brasil, realizado nesta semana em São Paulo. Um dos principais temas discutidos no encontro foi justamente os desafios que o setor siderúrgico brasileiro tem enfrentado com as importações diretas e também indiretas, ou seja, de aço contido em produtos manufaturados vendidos ao País.

“Estamos sentindo um impacto forte devido à competição desleal e à distorção de preços. Inclusive, têm empresas vendendo abaixo do custo, principalmente os produtos que chegam da China. Logicamente, estamos muito pressionados para reduzir custos e a nossa produção, que não conseguimos alocar no mercado em função dessa competição desleal”, afirmou.

Atualmente, a planta da Usiminas em Ipatinga opera com uma taxa de utilização da capacidade instalada próxima da média atual do setor, de cerca de 66%. Já a usina de Cubatão, em São Paulo, está com aproximadamente 50% de ociosidade.

Aplicação de medidas antidumping

Conforme o executivo, diante da situação atual, é fundamental que a empresa trabalhe para ser ainda mais competitiva. No entanto, ele ressaltou a necessidade de que o governo federal finalize urgentemente todos os processos que, de alguma forma, possam mitigar os impactos do comércio predatório que afeta a siderurgia nacional.

De acordo com Homes, o Palácio do Planalto tem em suas mãos várias denúncias de dumping. Entre elas, estão denúncias relacionadas a bobinas a frio e bobinas galvanizadas em que a equipe técnica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) já confirmou a existência de práticas desleais e que há danos às usinas locais.

“Diante dessas constatações, fica claro que a conclusão deveria ser a aplicação de medidas contra o dumping, seja por meio de penalidades em dólares por tonelada ou percentuais sobre o preço, para finalmente reduzir essas importações que estão chegando ao País nessas condições”, salientou, dizendo que a Usiminas aguarda a finalização dos processos.

“Estamos aguardando a finalização desses processos e é muito importante que haja celeridade na definição, justamente para mitigar o impacto negativo que estamos enfrentando na cadeia siderúrgica brasileira. Esse impacto não atinge apenas o setor em si, mas toda a cadeia produtiva, os empregos e a geração de valor no Brasil”, advertiu.

Setor está perdendo chance de gerar valor, diz o executivo

Para o vice-presidente comercial, a siderurgia está perdendo, no momento, uma oportunidade única de gerar valor, empregos e renda, justamente para, no futuro, ter um consumo que alimente plenamente a capacidade produtiva do setor no Brasil. Conforme ele, o consumo de aço no mercado interno está em um patamar razoável.

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