Economia

Sobe inflação na região metropolitana

Segundo o IBGE, o IPCA da Grande BH teve alta de 0,81% em fevereiro, impulsionado pelos custos com educação e energia elétrica
Sobe inflação na região metropolitana
Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Em fevereiro, a inflação apresentou novo aumento em Belo Horizonte. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,81% na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Com o resultado, a inflação já acumula alta de 4,39% nos últimos 12 meses. Os principais impulsos vieram dos custos com educação e energia elétrica.  

Assim como em Belo Horizonte, o custo de vida no Brasil também ficou mais caro. A alta no IPCA, em fevereiro, foi de  0,84%, elevando para 5,60% o IPCA nos últimos 12 meses. 

Em Belo Horizonte, o IPCA de fevereiro de 2023 foi o oitavo menor entre as dezesseis áreas pesquisadas.Já em relação aos 12 meses, cujo índice ficou em 4,39%, a variação foi a segunda menor entre as áreas de abrangência da pesquisa.

Conforme o coordenador da pesquisa em Minas Gerais, Venâncio da Mata, o aumento da inflação na Capital teve como um dos principais motivos o reajuste nos estabelecimentos de educação.

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“O reajuste nos preços das escolas é comum acontecer nesta época do ano. Com isso, o grupo Educação apresentou alta de 5,35%, impactando o índice geral de fevereiro em 0,28 pontos percentuais (p.p.). Podemos destacar os aumentos da pré-escola (10,27%), do ensino médio (10,06%), do ensino fundamental (10,02%) e do ensino superior (5%)”, disse.

Além do grupo Educação, em fevereiro, também se destacou o grupo Habitação, com alta de 2,13%, e puxado, principalmente, pela a energia elétrica residencial que aumentou 6,98%, provocando o maior impacto individual positivo no índice (0,22p.p.).

A alta significativa aconteceu devido à retomada da cobrança de ICMS sobre o uso dos sistemas de distribuição (Tusd) e de transmissão (Tust). No grupo, também apresentou aumento da taxa de água e esgoto (1,67%) e gás de botijão (1,63%)”. 

Na Capital, ao longo do segundo mês do ano, dos nove grupos pesquisados, somente dois tiveram queda: Alimentação e Bebidas, com retração de 0,34%, e Artigos de Residência (0,10%).

De acordo com da Mata, um destaque interessante no mês foi a queda vista no grupo Alimentação e Bebidas. 

“Os principais produtos que contribuíram para a retração foram o tomate, com retração de 19,96%, a batata-inglesa, 17,92%, a cebola, 12,43%, banana 10,32% e as carnes em geral, 1,12%. O grupo de Alimentação e Bebidas tem como característica variar conforme a oferta, quando há aumento da oferta, o preço cai”. 

A queda no grupo poderia ter sido ainda maior, se não fossem as altas em importantes itens, como o leite longa vida, que tem forte impacto e subiu 5,89% e o mamão, com alta de 27,26%.

Os demais grupos apresentaram variações positivas. A maior alta foi verificada no grupo de Educação, que encerrou fevereiro com aumento de 5,35%, em seguida, veio o grupo de Habilitação, com incremento de 2,13%. Alta também em Saúde e Cuidados Pessoais (1,18%), Comunicação (0,84%), Transportes (0,50%), Vestuário (0,45%) e Despesas Pessoais (0,07%).

A alta em Transporte teve como principais causas os reajustes no emplacamento e licença (2,98%), no conserto de automóvel (1,30%) e no preço da gasolina (0,68%).

Juros e controle da inflação

O economista e doutor em Relações Internacionais na Universidade de Lisboa, Igor Lucena, explica que o resultado do IPCA em fevereiro foi muito interessante e mostra que o aumento dos juros tem contribuído para a queda da inflação.  

“Em relação a fevereiro, o resultado do IPCA no País foi muito interessante, porque ele expôs alguns pontos muito claros do sinal da economia brasileira. A gente teve um aumento de 0,84% no mês de fevereiro e, nos últimos 12 meses, de 5,6%. Isso significa que, na prática, a inflação caiu nos últimos 12 meses. Em janeiro, estava em 5,7% e caiu para 5,6%. Isso é um ponto positivo para a economia. Mostra que os aumentos sucessivos da taxa de juros, de fato, estão tendo um efeito positivo na queda da inflação em longo prazo”.

Segundo Lucena, tomando-se como exemplo outubro de 2022, a inflação acumulada era de 6,47% e caiu, em fevereiro, para 5,6%.

“Ou seja, há uma queda da inflação, mas essa queda é muito lenta. É lenta porque quando a gente analisa os índices individualmente eles estão altos. Esse mês foi de  0,84%, mês passado foi 0,53%. Ou seja, a inflação cresceu de um mês para o outro, mas nos 12 meses manteve-se no índice decrescente”.

Ele ainda explica que, em fevereiro, a alta da inflação teve como principal impulso os custos com educação, o que já era esperado para o período e que, normalmente, não acontece em outros.

Apesar da situação, Lucena acredita que o Banco Central deve continuar com a taxa de juros em alta. Se por um lado a inflação dos 12 meses caiu, por outro, aumentou no mês.

“Com isso, a tendência é que o Banco Central mantenha a taxa de juros. Não vai aumentar mais, mas também não terá uma queda na próxima reunião, talvez, nem nos próximos meses do semestre. Continuo com a minha tese de que se a gente ver algo abaixo de 5% na inflação do acumulado dos últimos 12 meses, aí sim, no segundo semestre, poderemos ter uma queda de inflação e uma queda real da taxa de juros”, finaliza o economista.

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