Economia

Soluções para a lagoa da Pampulha são discutidas em evento

Especialistas apontam que uma recuperação do cartão postal de Belo Horizonte é complexa, mas ainda é possível
Soluções para a lagoa da Pampulha são discutidas em evento
Momento 1 do Diálogos da Engenharia, realizado pela SME, teve como moderadora a presidente do DIÁRIO DO COMÉRCIO, Adriana Muls | Crédito: Renato Franco/SME

A solução para a Lagoa da Pampulha é complexa, envolve diversos atores sociais e não será rápida e nem barata, segundo análise da professora do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Talita Silva.

Ela esteve ontem na sede da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), na região Centro-Sul de Belo Horizonte, para ministrar a palestra “Desafios da Gestão da Lagoa da Pampulha”, que faz parte do Diálogos da Engenharia, que trouxe como primeiro tema do seminário técnico “Pampulha em 3 Momentos”.

Para o professor Fernando Setembrino Cruz Meirelles, do Instituto de Pesquisa Hidráulicas (IPH), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a recuperação da lagoa deve ser pensada a longo prazo. Ele tomou como exemplo o caso do Lago Biwa, o maior do Japão. “Eles desenvolveram um planejamento em 2000 para conseguir um estado ótimo do lago em 2050”, observou durante a palestra “Desafios da Gestão de Sistemas Lacustres.”

O diretor de Gestão de Águas Urbanas da Prefeitura de Belo Horizonte, Ricardo Aroeira, mostrou os avanços de ações feitas nos últimos anos em um dos mais famosos cartões postais da capital mineira. “É um problema de alta complexidade, que vem apresentando melhora contínua e que vai necessitar de recursos de forma continuada”, ressalta.

Durante o Momento 1 do encontro, que abordou a questão político institucional da lagoa, a moderadora Adriana Costa Muls, presidente do DIÁRIO DO COMÉRCIO, destacou que para problemas complexos são necessárias soluções complexas. “É difícil, mas é possível”, pontuou.

Objetivo

A presidente da SME, Virgínia Campos de Oliveira, explicou que o Diálogos da Engenharia tem como propósito ser um canal de escuta e de diálogo entre a sociedade e a área tecnológica, utilizando como ferramentas o conhecimento e a inovação.

“O diálogo sobre a Pampulha reafirma o entendimento da atual gestão da SME de que a engenharia sempre fez e faz parte da vida das pessoas e é a base do desenvolvimento que todos almejamos”, diz.

Como resultado da iniciativa da entidade que reúne todas as categorias de engenheiros, arquitetos e agrônomos, a Comissão Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento da SME irá encaminhar sugestões aos gestores da lagoa sobre modelo de governança, incluindo priorização de medidas para o resgate definitivo e no longo prazo da Lagoa da Pampulha.

Sem esgoto

No dia 28 de março, a Justiça Federal homologou acordo entre o município de Belo Horizonte e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) que dá um prazo de cinco anos para a concessionária eliminar o lançamento de esgoto na Lagoa da Pampulha.

A Procuradoria-Geral do Município (PGMBH) ajuizou Ação Civil Pública em setembro de 2021 pedindo que a concessionária apontasse um conjunto de obras que viabilizasse a extinção dos lançamentos dos efluentes no cartão postal da cidade. O prazo para conclusão das obras necessárias começou a contar a partir daquele dia.

Foi em julho de 2022 que as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem e a Copasa assinaram acordo para a realização de obras para acabar com os lançamentos de esgoto na Lagoa da Pampulha. Trata-se do programa Pampulha + Limpa: Lagoa sem Esgoto, que prevê um plano de ação, com mais de 800 obras, para viabilizar a ligação dos imóveis localizados na capital e em Contagem à rede coletora.

A situação do cartão postal fez com que fosse criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lagoa da Pampulha, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, que realizou no dia 7 do mês passado uma audiência pública para ouvir representantes da sociedade civil em relação à degradação do conjunto arquitetônico e do espelho d’água da lagoa. A instauração da CPI foi requerida por 16 parlamentares e instituída no dia 5 de dezembro de 2022.

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