St. George sela acordos para venda de 40% de nióbio para China

A australiana St. George Mining estima começar a produzir nióbio no município de Araxá, no Alto Paranaíba, somente daqui a dois anos, entretanto, já selou acordos não vinculativos para vender aproximadamente 40% da futura produção para duas empresas da China.
Os negócios foram fechados no modelo offtake and project finance, ou seja, as compradoras vão realizar pagamentos de forma antecipada para financiar o desenvolvimento do projeto.
O grupo Liaoning Fangda será um dos que receberá produtos da mineradora. Com forte atuação em diversos setores, incluindo a siderurgia, no qual figura entre os maiores do mundo, o conglomerado vai utilizar o nióbio na fabricação de aços de alta resistência.
Um memorando de entendimento (MoU) firmado entre as companhias nessa quarta-feira (15) prevê, por exemplo, que a Fangda terá direito exclusivo para adquirir pelo menos 20% da produção do projeto por um período de cinco anos, com opção de dobrar esse prazo.
Segundo o diretor da St. George no Brasil, Thiago Amaral, os pagamentos adiantados pelo grupo serão usados na fase de engenharia e construção da planta em Minas Gerais.
O executivo diz que detalhes como o volume de nióbio a ser enviado ao conglomerado e valores a serem recebidos pela compra dos produtos serão definidos dentro de nove meses.
Conforme ele, a Fangda também é relevante na fabricação de equipamentos para mineração e poderá fornecer máquinas para a operação como parte do pagamento para a St. George.
A outra empresa chinesa que fechou acordo offtake and project finance com a mineradora australiana é a trading SKI HongKong, uma das principais comerciantes do mundo em materiais de aço especiais e ligas de ferro com foco em nióbio, manganês e cromo.
O memorando de entendimento entre as companhias foi assinado em outubro do ano passado e tem os mesmos os mesmos moldes da parceria estabelecida com a Fangda.
A SKI pretende revender os produtos na China e demais países da Ásia, conforme Amaral.
Empresa almeja ter 100% da produção vendida antes de 2027
A ideia da St. George é também negociar previamente o restante da produção futura do projeto Araxá. A mineradora espera estar com 100% do volume vendido “bem antes” de 2027, quando, de fato, pretende dar início a operação no Alto Paranaíba.
“A gente vem conversando com outras empresas que tenham interesse em serem recebedoras do nióbio tanto para uso quanto para revenda”, pontua o diretor da companhia.
- Leia também: St. George fecha acordo de R$ 2 bilhões para extração de nióbio e terras-raras do Projeto Araxá
Nióbio garante a viabilidade do projeto Araxá
Além da produção de nióbio, que, a princípio, deve somar cinco mil toneladas por ano, a St. George vai produzir em torno de 15 mil toneladas de terras-raras em Araxá. Embora o volume do segundo material seja maior, o primeiro é quem vai garantir a viabilidade do projeto por ter um preço estável no mercado e trazer previsibilidade, segundo Amaral.
Ele esclarece que, ao contrário do nióbio, as terras-raras apresentam uma grande variabilidade de preços no mercado e não tem como prever valores no médio e no longo prazo, logo, não entram na conta de viabilidade do empreendimento e se tornam um “bônus”.
“As terras-raras, assim como outros elementos que podem sair no processamento, como minério de ferro, magnetita, barita e fosfato, não é o que vai trazer a viabilidade do negócio. O que sustenta são os produtos de nióbio. Os demais, a gente vê como valores adicionais que virão para reforçar ainda mais o caixa da empresa”, diz.
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