Com usina em Minas, subsidiária da Petrobras e Banco do Brasil assinam acordo

O Banco do Brasil (BB) e a Petrobras Biocombustível (PBio), subsidiária integral da Petrobras com usina de biodiesel em Montes Claros, no Norte de Minas, firmaram um acordo de cooperação técnica para identificar iniciativas voltadas à promoção de biocombustíveis e fontes de energia renovável. A assinatura ocorreu nesta semana, durante a Cúpula do G20, no Rio de Janeiro.

O compromisso entre as estatais inclui a aquisição de insumos de fornecedores e de cooperativas de pequenos produtores. A vigência do acordo será de cinco anos.

O secretário de Desenvolvimento e Turismo da Prefeitura de Montes Claros, Edilson Torquato, comemorou a medida, mas disse que ainda é meio cético em relação ao acordo, por conta de projetos anteriores da subsidiária da Petrobras que fracassaram.

“A iniciativa é muito válida, inclusive a criação dessa usina foi com intenção de promover uma cadeia produtiva agrícola com agricultura familiar, com pinhão-manso, mamona e de outros produtos em menores escalas, mas isso ficou só no papel”, afirma.

Com geração de 174 empregos diretos, a usina da PBio em Minas Gerais produz anualmente 89.773 m³ do biocombustível e possui capacidade total de produzir 198.925 m³/ano. Atualmente, a produção da subsidiária da Petrobras no Estado é maior que na unidade de Candeias (BA), a outra usina operacional da empresa.

Torquato pontua que a produção da usina de biodiesel de Montes Claros é quase totalmente a partir da soja vinda do Triângulo Mineiro e da Bahia, o que acaba por prejudicar o efeito da descarbonização em função das emissões de gases gerados com o transporte do insumo.

O acordo entre BB e a subsidiária da Petrobras avaliará oportunidades de desenvolvimento na cadeia de negócios dos biocombustíveis, para estimular a atuação sustentável no ciclo produtivo. “O desenvolvimento de novas cadeias de suprimento de matérias-primas, com inclusão social, é um dos pilares da nossa estratégia. O acordo nos permite avançar com mais robustez e velocidade nesse processo”, afirma o presidente da PBio, Alex Gasparetto.

A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, ressaltou que o banco soma R$ 36 bilhões em captações externas para projetos de bioeconomia, transição energética e agricultura sustentável nos últimos dois anos. “São investimentos que transformam a vida de quem produz matérias-primas e insumos importantes para os mais diversos setores da economia. Tudo isso respeitando os nossos povos tradicionais e os biomas brasileiros”, disse.

Desistência de venda da PBio

O acordo de cooperação técnica com o Banco do Brasil vem poucos dias após a Petrobras anunciar que desistiu de vender a PBio. A diretoria executiva da petrolífera estatal aprovou o encerramento do projeto de desinvestimento da subsidiária no começo deste mês. Além de Montes Claros, a PBio tem usinas de biodiesel em Candeias (BA) e Quixadá (CE) – esta última está hibernada.

A Petrobras afirmou que a decisão está alinhada aos direcionadores estratégicos vigentes, que consideram a atuação da companhia em negócios de baixo carbono, com diversificação do portfólio de forma rentável e maior perenização da companhia.

A companhia ainda declarou que, em meio às discussões do novo ciclo do seu plano estratégico, avalia alternativas e modelos de negócio para a PBio por meio de parcerias que possam potencializar sua atuação, com novas oportunidades de negócios, possíveis sinergias entre ativos da companhia e maximização dos resultados do Sistema Petrobras.

Edilson Torquato celebrou que a estatal decidiu rever os planos com subsidiária. “A Petrobras é muito grande para tomar uma decisão sem ter perspectiva de que vai dar certo. Se eles tomaram essa decisão agora, é porque eles acreditam que o objetivo é esse”, finaliza.