Sul de Minas Gerais diversifica a economia e se transforma ao longo de duas décadas
Em 20 anos, o Sul de Minas Gerais cresceu e se diversificou, deixando de ser essencialmente agrícola para disputar a atenção de empresas de renome em busca de novas oportunidades de investimento. Com essa dinâmica, algumas cidades prosperaram na região, enquanto outras perderam relevância.
Um levantamento realizado pelo Grupo de Estudos Econômicos do Sul de Minas Gerais (Geesul), a pedido do Diário do Comércio, mostra que Poços de Caldas, por exemplo, perdeu protagonismo na região. Uma das razões para isso é o fato de que a economia do município se manteve refém do turismo e das commodities agrícola e mineral.
Em 2004, Poços de Caldas liderava tanto o Produto Interno Bruto (PIB) quanto o Valor Adicional Fiscal (VAF) do Sul de Minas. Duas décadas depois, ocupou o terceiro e o quarto lugar, respectivamente. A cidade era ainda a principal empregadora e exportadora, mas caiu para a segunda e quarta posição nos respectivos rankings.

O mesmo estudo aponta que Extrema se tornou uma das protagonistas do Sul do Estado. Com a necessidade de redução de custos, grandes empresas migraram para o eixo da rodovia Fernão Dias, atraídas por impostos menores, mão de obra mais barata e melhores condições logísticas. Nesse contexto, o município se consolidou como hub logístico para o e-commerce e apostou na industrialização, o que explica sua ascensão.
Antes ocupando a nona posição em PIB e a quinta em VAF na região, Extrema passou a liderar ambos os indicadores. No número de empregos, o salto foi da 16ª colocação para a quarta. Quanto às vendas para o mercado internacional, não houve grandes mudanças, visto que a cidade permanece fora da lista de principais exportadoras.
O bom desempenho de Pouso Alegre e a queda de Varginha
Quem já apresentava bons resultados em 2004 e manteve o desempenho após vinte anos foi Pouso Alegre, de acordo com os dados do levantamento. Aproveitando o movimento de migração de empresas para o Sul de Minas Gerais, a cidade investiu em infraestrutura e na atração de indústrias de transformação, como a Cimed e a XCMG.
Pouso Alegre ocupava o segundo lugar em PIB e VAF na região e continuou nessa posição. Na geração de empregos, estava em terceiro e subiu para primeiro. No que se refere aos embarques para o exterior, não ocorreram mudanças relevantes, uma vez que o município segue fora dos primeiros colocados na lista de exportadores.
Na direção oposta, Varginha registrou queda em dois indicadores, mantendo apenas a primeira colocação nas exportações e a segunda em VAF. A cidade continuou sendo referência logística para o café, responsável por mais de 96% dos embarques, mas fez poucos investimentos em infraestrutura, o que resultou na queda nos rankings de PIB, do terceiro para o quarto lugar, e de emprego, da segunda para a terceira posição.
O mestre em gestão e desenvolvimento regional e fundador do Geesul, Guilherme Vivaldi, destaca que o Sul do Estado se transformou ao longo dessas duas décadas. No entanto, ressalta que a essência não se perdeu: “o café e o agronegócio continuam vivos e pujantes na identidade econômica e cultural da região”.
Reforma tributária pode definir os rumos da região nos próximos anos
Prever como estará o Sul de Minas daqui a alguns anos é difícil, devido à implementação da reforma tributária, conforme Vivaldi. A nova legislação deve reduzir a guerra fiscal entre os estados, o que pode eliminar um diferencial competitivo que a região atualmente possui para atrair grandes empresas.
Algo que é capaz de impulsionar a economia local, especialmente em cidades como Poços de Caldas, são os investimentos voltados para terras-raras. No entanto, o fundador do Geesul pondera que “tudo dependerá da forma de exploração desses recursos e da articulação da gestão pública desses municípios com relação à reforma tributária, que já está em andamento e que, nos próximos anos, se efetivará”.
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