Superávit da balança comercial de Minas Gerais diminui 4,8%

O saldo da balança comercial de Minas Gerais continuou em queda e chegou a US$ 10,6 bilhões no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, montante 4,8% menor em comparação ao registrado no mesmo período do ano passado. As exportações aumentaram 2,4% e somaram US$ 17,8 bilhões no acumulado do ano, enquanto as importações cresceram 15,5% e totalizaram US$ 7,2 bilhões.
O resultado parece consolidar a inversão de posição dos principais produtos da pauta exportadora mineira. O café foi o produto que gerou o maior valor de exportação do Estado entre janeiro e maio de 2025, posto anteriormente ocupado pelo minério de ferro.
O valor das exportações de café em Minas Gerais no período alcançou US$ 4,7 bilhões, um salto de 67% em relação aos US$ 2,8 bilhões registrados no mesmo intervalo do ano passado. A alta vem mesmo em meio à queda de 5,6% no volume da exportação de café do Estado na comparação com os cinco primeiros meses de 2024.
Por outro lado, os embarques de minério de ferro do Estado ao exterior arrecadaram US$ 4,2 bilhões até maio deste ano, montante 27% inferior aos US$ 5,8 bilhões observados na comparação ano a ano. O volume das exportações de minério de ferro em Minas também encolheu 11,9% em relação ao mesmo período de 2024.
Os dois produtos representaram mais da metade das exportações mineiras, que tiveram China e Estados Unidos como principais destinos. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/Mdic).
Na outra ponta, a alta anual de 28,7% fez a importação de peças e acessórios de máquinas e equipamentos ocupar a primeira posição nas importações mineiras entre janeiro e maio, diferentemente do mesmo período do ano passado, quando foi o quarto item mais importado pelo Estado.
Em seguida, os automóveis de passageiros aparecem como a segunda categoria de produtos mais importada do Estado nos primeiros cinco meses de 2025, apesar de registrar uma redução de 24% na movimentação financeira na comparação ano a ano.
A economia mineira também registrou retração na balança comercial quando analisado somente o último mês. Em maio, o saldo da balança comercial de Minas Gerais chegou a US$ 2,4 bilhões, 6,5% a menos que em maio de 2024. Os dados mostram que, no período, os embarques totalizaram US$ 3,8 bilhões, uma queda de 1,9% na comparação ano a ano, e as importações chegaram a US$ 1,43 bilhão, o que resultou em uma elevação de 6,8%.
Dólar e China explicam inversão de posições na balança comercial de Minas
Para o economista e coordenador do curso de pós-graduação em Economia do Ibmec, Hélio Berni, o crescimento econômico mais forte do Brasil no primeiro trimestre deste ano, principalmente em Minas Gerais, explica um volume maior de importações observado em 2025, devido à maior demanda por máquinas, equipamentos e insumos em geral, para uma maior produção de mercadorias e serviços.
Pelo lado das exportações do Estado, que também aumentaram, mas em um ritmo bem menor do que as importações, o professor avalia que dois movimentos na economia, que têm acontecido ao mesmo tempo, são possíveis motivos. O primeiro é a queda acumulada durante o ano de quase 10% na cotação do dólar frente ao real.
“O dólar mais baixo gera dois impactos na balança comercial: diminui o incentivo para exportações e aumenta para importações. Fica mais barato importar e tem uma receita menor, em reais, quando exporta. Essa queda na taxa de câmbio pode contribuir também para a deterioração do saldo da balança comercial”, declarou.
Outro ponto que afetou as exportações, segundo o economista, foi a demanda menor do principal comprador de produtos brasileiros e mineiros, a China. A desaceleração da segunda maior economia do mundo impacta diretamente a pauta exportadora de Minas, principalmente no minério de ferro, destino da maior parte dos embarques da produção mineral do Estado.
O professor ressaltou ainda que, junto da menor demanda chinesa por minério de ferro, o preço do café continua em patamares historicamente elevados. Isso também contribuiu para o produto inverter a posição com o mineral nas exportações, já que a produção cafeeira prossegue com resultados expressivos no valor exportado, mesmo com queda no volume.
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