Economia

Superávit da balança comercial de Minas Gerais diminui 3,9% no 1º semestre

Café consolida liderança no valor das exportações da balança comercial mineira, enquanto exportação de minério de ferro cai
Atualizado em 7 de julho de 2025 • 20:48
Superávit da balança comercial de Minas Gerais diminui 3,9% no 1º semestre
Foto: Fernando Donasci/Reuters

O saldo da balança comercial de Minas Gerais, em ritmo de queda no ano, chegou a US$ 12,8 bilhões nos seis primeiros meses de 2025, montante 3,9% menor do que o registrado no mesmo período de 2024. No acumulado do ano, as exportações aumentaram 2,7% e somaram US$ 21,4 bilhões, enquanto as importações cresceram 14,6% e totalizaram US$ 8,6 bilhões.

O café se consolidou no primeiro semestre como o produto que gerou o maior valor de exportação do Estado ao longo do ano, posto anteriormente ocupado pelo minério de ferro.

De janeiro a junho, o valor das exportações de café em Minas Gerais alcançou US$ 5,4 bilhões, um salto de 61,1% em relação aos US$ 3,3 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. O valor crescente foi registrado mesmo com uma queda de 8,9% no volume da exportação de café do Estado em relação ao mesmo período de 2024.

Por outro lado, os embarques de minério de ferro do Estado ao exterior arrecadaram US$ 5,2 bilhões nos seis primeiros meses do ano, montante 24,2% inferior aos US$ 6,9 bilhões observados na comparação ano a ano. O volume das exportações de minério de ferro em Minas também encolheu 8,8% em relação ao mesmo período de 2024.

Os dois produtos representaram mais da metade das exportações mineiras, que tiveram China e Estados Unidos como principais destinos. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/Mdic).

Na outra ponta, a alta anual de 24,3% fez a importação de máquinas e equipamentos mecânicos ocupar a primeira posição nas importações mineiras entre janeiro e junho deste ano.

Em seguida, produtos químicos orgânicos e produtos farmacêuticos foram o segundo e o terceiro produtos mais importados por Minas Gerais no primeiro semestre de 2025 com altas de 55,4% e 131%, respectivamente, na movimentação financeira na comparação ano a ano.

A importação de máquinas e equipamentos elétricos caiu 16% no período, enquanto a de automóveis teve retração de 1%. Ambos foram o quarto e o quinto produtos mais importados pelo Estado no primeiro semestre de 2025. Assim como nas exportações do Estado, China e Estados Unidos foram as principais origens das importações mineiras.

A economia mineira também registrou retração na balança comercial quando analisado somente o último mês. Em junho, o saldo da balança comercial de Minas Gerais chegou a US$ 2 bilhões, 7,9% a menos que em junho de 2024. Os dados mostram que, no período, os embarques totalizaram US$ 3,43 bilhões, uma queda de 1,5% na comparação ano a ano, e as importações chegaram a US$ 1,4 bilhão, o que resultou em uma elevação de 9%.

Superávit da balança comercial de Minas deve ser menor neste ano

O pesquisador da Fundação João Pinheiro (FJP), Lúcio Barbosa, destaca a troca nas primeiras posições na pauta exportadora do Estado ocorrida este ano. Ele pontua que, provavelmente, esta deve ser a primeira vez na série histórica que o café tem um valor exportado superior ao do minério de ferro em Minas Gerais durante um semestre.

Na raiz dessa mudança está a China, em duas situações, observadas nas questões de oferta, causadas por problemas na produção de alimentos, afetada pelas alterações climáticas.

Uma é o aumento da demanda por café por conta do maior consumo chinês. O produto não é naturalmente consumido por lá como no Brasil, mas tem sido incorporado ao estilo de vida chinês nos últimos anos. O outro efeito é a menor demanda chinesa pelo minério de ferro. “A demanda chinesa está mais fraca, são ainda os reflexos da crise imobiliária da China, que já é antiga, mas que vem, ao longo dos anos, mostrando que perdura”, analisa Barbosa.

O saldo comercial do Estado deve continuar em ritmo de queda ao longo do segundo semestre de 2025, aponta o pesquisador. Ainda assim, a perspectiva é de que Minas Gerais encerre o ano com um resultado positivo relevante na balança comercial, mesmo com a desaceleração do crescimento do superávit do comércio exterior.

“Há dois vetores. O primeiro é que as exportações têm crescido de forma bem mais devagar ou, às vezes, até recuado em alguns meses, quando se compara com o período anterior. E as importações estão crescendo numa velocidade maior. Então, o natural seria que a gente tivesse, neste ano, também um superávit menor do que o do ano passado”, finaliza Barbosa.

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