Superávit comercial do Brasil cai 65% em janeiro e fica abaixo do esperado com salto das importações

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 2,164 bilhões em janeiro, mostraram dados do governo nesta sexta-feira, número bem abaixo das expectativas de economistas e uma queda de 65,1% em relação ao mesmo período de 2024, em meio a importações recordes para o mês.
Pesquisa da Reuters com economistas apontava expectativa de saldo positivo de US$ 3,015 bilhões para o período.
O saldo de janeiro, divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), é resultado de exportações de US$ 25,180 bilhões, com queda de 5,7% sobre o mesmo mês de 2024, e importações recordes de US$ 23,016, com salto de 12,2% na mesma comparação.
Apesar da queda nas exportações, o valor das vendas externas foi o segundo melhor para o mês de janeiro desde o início da série histórica, que contabiliza dados a partir de 1989, atrás apenas do desempenho registrado em janeiro de 2024.
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“É uma exportação um pouco menor, mas ainda um valor bastante significativo”, disse o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do MDIC, Herlon Brandão. “O que motivou esse valor um pouco menor foi uma queda de preço, basicamente, que caiu 5,2%, e o volume também caiu um pouco.”
Já o valor das importações foi o mais alto da série para meses de janeiro, movimento provocado, segundo o diretor, por um aumento de 19,5% nos volumes de importação, que mais do que compensou a queda de 6,1% nos preços.
No mês passado, o MDIC estimou que 2025 deve ser encerrado com exportações entre 320 bilhões e 360 bilhões de dólares, enquanto as importações ficariam entre 260 bilhões e 280 bilhões de dólares.
- Leia também: Brasil tem superávit comercial de US$ 74,6 bi em 2024 e governo vê saldo de até US$ 80 bi neste ano
A indústria de transformação foi o único setor a registrar variação positiva de exportações em janeiro na comparação anual, com alta de 0,1%, somando US$ 14,2 bilhões. Já a indústria extrativa sofreu a maio queda, de 13,6%, para US$ 7,1 bilhões, com uma redução nos preços dos seus principais produtos de exportação, minério de ferro e petróleo bruto.
Enquanto isso, o setor de agropecuária teve queda de 10,1% nas exportações, para US$ 3,8 bilhões. Brandão destacou que uma queda nos embarques da soja afetou os volumes da commodity apesar de uma safra maior em relação a 2024.
As importações do setor agropecuário aumentaram 20,3%, totalizando US$ 620 milhões, enquanto as da indústria de transformação cresceram 13,4%, a US$ 21,1 bilhões. Já as importações da indústria extrativa apresentaram queda de 9,1%, para US$ 1,1 bilhão.
A balança comercial apresentou números mais positivos nas primeiras semanas de janeiro, acumulando superávit de US$ 2,4 bilhões até a quarta semana do mês, mas perdeu força nos últimos dias de janeiro.
O MDIC informou que uma revisão nos dados de dezembro levou a uma ligeira redução no superávit total de 2024 para US$ 74,2 bilhões, ante US$ 74,6 bilhões informados no mês passado.
(Conteúdo distribuído pela Reuters)
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