Superávit da balança comercial mineira recua 7% no quadrimestre

O saldo da balança comercial de Minas Gerais chegou a US$ 7,99 bilhões nos quatro primeiros meses deste ano, uma queda de 7% em comparação ao mesmo período do ano passado. As exportações aumentaram 2% e somaram US$ 13,7 bilhões no acumulado de 2025, enquanto as importações cresceram 17,9% e totalizaram US$ 5,7 bilhões. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/Mdic).
Entre janeiro e abril, o volume das exportações de minério de ferro encolheu 12% em relação ao mesmo período de 2024. O valor arrecadado com os embarques do mineral diminuiu ainda mais, cerca 29,7%. Por outro lado, o volume da exportação de café também registrou queda no ano, de 3,3%, mas o valor subiu 70,2%, o que contribuiu para o resultado final dos embarques.
Os dois produtos representaram mais de 50% das exportações mineiras, que tiveram China e Estados Unidos como principais destinos.
Na outra ponta, a alta de 25,9% na aquisição de máquinas e equipamentos, de 2,7% em veículos, de expressivos 66% em produtos químicos e orgânicos e de 149,3% em produtos farmacêuticos contribuíram para o avanço das importações, que tiveram novamente China e EUA como principais origens. Todos esses produtos corresponderam a mais da metade de tudo o que foi importado por Minas Gerais durante o ano.
Minério e café trocam de lugar na balança comercial de abril
Apenas em abril, o saldo da balança comercial de Minas Gerais atingiu US$ 2,28 bilhões, um aumento de 4,7% em relação a abril de 2024. Os dados também mostram que, no período, os embarques totalizaram US$ 3,7 bilhões, uma alta de 5,6% na comparação ano a ano, e as importações chegaram a US$ 1,43 bilhão, o que resultou em uma elevação de 7,3%.
Em abril, o valor das exportações de minério de ferro caiu 27,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior, enquanto o montante arrecadado com os embarques de café avançou 53,9%, que colaboraram para o resultado as exportações. Os resultados inverteram a posição dos produtos na pauta exportadora mineira no mês. Dessa vez, o café foi o produto mais exportado do Estado, seguido do minério de ferro. O contrário do realizado em abril de 2024.
Minas Gerais representou 12,2% dos embarques nacionais durante o período, atrás apenas do estado de São Paulo, com 18,2%.
Guerra comercial pode afetar balança comercial de Minas Gerais
A coordenadora da coordenação de análise de insumo-produto da Fundação João Pinheiro (FJP), Carla Aguilar, analisa que, mesmo com o crescimento das exportações do Estado, a intensificação expressiva das importações gerou um superávit menor para Minas Gerais nos primeiros meses deste ano. “O ano passado as importações foram bem menores do que nesse ano, então o crescimento foi significativo, aí o impacto veio no saldo”, disse.
A pesquisadora explica que essa importação mais forte do Estado é reflexo da expansão da própria atividade econômica no início do ano, com impacto na estrutura produtiva mineira. Além da maior necessidade de máquinas e equipamentos, alguns setores mineiros dependentes de insumos de produtos químicos, orgânicos e farmacêuticos.
Ela afirma que a guerra comercial entre China e Estados Unidos ainda não teve efeitos no comércio exterior de Minas Gerais no período analisado, mas destaca que o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado pode diminuir, caso haja queda nas exportações mineiras para os EUA.
Porém, Carla Aguilar ressalta que o dinamismo da economia pode fazer com que o Estado encontre novos mercados. Ao mesmo tempo, um redirecionamento de oferta de outros países, que antes exportavam para o país do novo Papa, pode afetar a balança comercial mineira.
“É uma possibilidade, quando tem todo esse redirecionamento, vai trazer essa competição internacional, vai ampliar e a gente pode ter uma perda nesse mercado internacional, sim. Vai depender de como esse movimento vai acontecer entre os países”, pondera.
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