Economia

Superávit de empregos desacelera em Minas

Saldo em julho foi de 19.060 vagas, com queda de 43% ante o mesmo mês de 2021
Superávit de empregos desacelera em Minas
No acumulado do ano, o saldo positivo de postos de trabalho gerados com carteira assinada no Estado somou 159.628, uma redução de 31,90% | Crédito: Arquivo/Agência Brasil

Minas Gerais registrou desaceleração no ritmo de geração de empregos com carteira assinada em julho. No entanto, o saldo foi positivo em 19.060 vagas formais. As informações são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho e Previdência. Em julho foram apuradas 206.810 contratações e 187.750 demissões. 

O saldo atual representa uma queda de 43% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado, quando foi registrado superávit de 33.603 vagas formais no Estado. Essa desaceleração também está presente quando relacionado o saldo atual numa comparação com o mês de junho deste ano, uma vez que as vagas criadas totalizaram 31.133. Isto representa uma baixa de 38,08%.

No acumulado entre janeiro e julho de 2022, o Estado teve um saldo positivo de 159.628 vagas formais, decorrentes de 1.473.421 admissões e 1.313.793 demissões. Já no acumulado do mesmo período do ano passado, foram registrados 2.085.528 contratações, 1.842.104 dispensas e um saldo de 243.424 vagas formais. Dessa forma, foi registrada uma queda de 31,90% no período.

Setores

De acordo com o Caged, todas as cinco grandes atividades econômicas registraram saldos positivos em julho. O melhor desempenho foi apurado no setor de serviços, com saldo positivo de 7.309 postos de trabalho, seguido do setor de construção civil, que registrou 4.134, e o setor industrial, com geração de 4.126 registros.

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Já o setor da agropecuária gerou um saldo de 1.782 vagas em Minas. Enquanto isso, o setor de comércio contou com 1.709 novos empregos. 

De acordo com   o professor do  curso de Economia do Ibmec Paulo Casaca, há alguns fatores a serem analisados. “Nós temos visto uma melhora da empregabilidade nos últimos meses. Essa melhora é um pouco abaixo em relação ao ano passado. Mas, mesmo assim, o saldo foi positivo porque foi um aumento. Prevejo que o mercado pode entregar bons resultados nos próximos meses de 2022, mas não no mesmo ritmo com que estava empregando no primeiro semestre deste ano ou até mesmo em relação ao ano passado”, aponta.

Prova é que a rota de recuperação do setor de serviço se destaca como a maior geradora de vagas de trabalho entre os grupos econômicos. Mas, segundo Paulo Casaca, essa taxa não deve superar os índices de 2021. “Essa retomada já teve o seu momento ápice. Impossível afirmar num resultado superior, pois o pico de contratações já ocorreu por conta da realidade da pandemia cuja o desemprego atingia números impressionantes”, avalia.

As novas normas que reduziram o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) do combustível e do diesel, por exemplo, foram primordiais para a empregabilidade. Esta medida, além de outras que envolvem a redução de impostos, pode, segundo o especialista econômico, ajudar o mercado de trabalho a ter um bom desempenho nos próximos meses.

Segundo semestre 

No curto prazo, eventos e datas comemorativas podem ajudar a impulsionar a geração de empregos em Minas Gerais, porém, não no mesmo ritmo do primeiro semestre. “Um fator novo que pode garantir um saldo positivo, mas ainda não superior ao primeiro semestre é a Copa do Mundo. O evento acontecerá numa data nova, praticamente unida ao Natal, provocando uma expectativa diferente aos setores de comércio e serviços, mais precisamente aos bares”, analisa o especialista.

Bomba fiscal

Apesar dessa tendência positiva, Casaca aponta que, para o ano, os números podem sofrer uma piora expressiva. “A partir de 2023 a gente pode ter um cenário com pioras. Isso porque vai chegar a hora em que teremos que pagar pela bomba fiscal presente neste ano”, conta.

“Sabe aquele ICMS que foi reduzido em vários itens de necessidade? Até o momento ninguém sabe se vai voltar a ser o que era antigamente. Por isso, precisamos entender como será o impacto que ele pode provocar. As incertezas em relação às eleições são bem grandes, e isso pode interferir em nosso cenário do ano que vem. A tendência é piorar, afinal uma hora a conta chega”, conclui Paulo Casaca.

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