Economia

Em meio a crise no Sul, supermercado de Belo Horizonte já restringe compra de arroz

Rede da capital mineira limitou a compra do produto a cinco unidades por CPF; representante da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, porém, fala em 'cenário alarmista'
Atualizado em 8 de maio de 2024 • 14:44
Em meio a crise no Sul, supermercado de Belo Horizonte já restringe compra de arroz
Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Rodrigo Moinhos

Em Belo Horizonte já tem supermercado restringindo a compra do arroz a cinco unidades por CPF, acreditando em um possível desabastecimento, em função dos alagamentos que ocorreram no Rio Grande do Sul, maior produtor do grão no Brasil. Inclusive, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não descartou a possibilidade de importar tanto arroz quanto feijão para equilibrar a produção nacional e evitar novos aumentos nos preços.

Porém, para o secretário-adjunto de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, “o cenário está sendo tratado de forma muito alarmista”. Segundo ele, há uma estimativa de produção nacional que gira em torno de 10 milhões de toneladas, sendo que 70% dessa produção se encontra no Rio Grande do Sul, e dessas, 7 milhões de toneladas, grande parte já havia sido colhida.

“Estimativas do Rio Grande do Sul apontam para cerca de 80% da produção colhida, algo em torno de 5,6 milhões de toneladas. Então, pode haver algum risco nesses 20% restantes e há, também, a questão do deslocamento, já que a logística de distribuição foi abalada por conta das estradas intransitáveis. Assim, poderemos ter alguma dificuldade no transporte, impactando no escoamento até que a situação se normalize. Mas acredito que ainda é muito cedo para criarmos uma expectativa negativa ou cogitarmos desabastecimento”, afirmou.

Entretanto, ele adverte que, se a população de Minas Gerais começar uma corrida para comprar arroz e estocar, neste caso, poderá haver risco de faltar produto nas gôndolas. “O momento é de ter tranquilidade, pois, se a demanda for elevada de uma hora para outra, os preços vão subir muito mais. Com o volume colhido, à medida que as estradas começarem a ser liberadas, os produtos voltarão a ser escoados normalmente. E, quanto maior a pressão por demanda, mais os preços serão ajustados para cima”, avaliou.

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Confira o aviso encontrado em uma das unidades do Supermercado BH:

Prateleira supermercado arroz DIÁRIO DO COMÉRCIO Juliana Gontijo
Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Juliana Gontijo

Um funcionário da unidade do Supermercado BH, onde a reportagem do DIÁRIO DO COMÉRCIO encontrou o aviso de restrição na compra de arroz, explicou que a unidade já começou a sentir os reflexos da tragédia que ocorreu no Sul do País. “O Sul do Brasil é um dos nossos maiores fornecedores de arroz. Então, automaticamente, para conseguirmos atender toda a demanda de clientes, a melhor forma, infelizmente, foi restringir a compra a cinco pacotes de arroz por CPF neste supermercado. E está funcionando”, disse.

Ainda segundo o colaborador, a restrição começou na terça-feira (6) e “até então não houve desespero, com pessoas querendo comprar grandes volumes. Os consumidores estão se adaptando a essa nova realidade, mas realmente creio que, mais pra frente, pode haver alguma corrida pelo arroz no supermercado. Uma coisa é certa, existe a tendência de novos aumentos se esse cenário perdurar”, disse.

Para Albanez, no entanto, o momento é de aguardar mais alguns dias antes de confirmar qualquer redução mais significativa dos volumes ofertados. Ele reforça que a situação de restrição é muito prematura e alarmista. “Toda vez que o consumidor vai à gôndola e compra um volume a mais sem necessidade de estocar, provoca uma corrida e um aumento de preço, gerando um aumento desnecessário da demanda”, explicou o secretário-adjunto.

A consumidora Maria Cecília foi umas das que já se adiantou e estava com o carrinho com cinco pacotes de cinco quilos de arroz. Segundo ela, parte seria destinada para o consumo diário e outra parte como forma de manter algum estoque do produto. “Estou me prevenindo por conta da catástrofe que atingiu o Sul do País, e é capaz que haja redução no volume ofertado de arroz. Então todo mundo, de vez em quando, pega um pouquinho a mais e vai guardando para não ficar sem. Sem contar também que o preço do arroz agora deve subir muito mais”, disse ela.

O que diz o Supermercado BH

Questionado, o Supermercado BH informou que implementou medidas preventivas para assegurar suprimento contínuo de arroz. Mas assegurou que não vai faltar o item essencial em suas lojas.

“A precaução visa desincentivar que o consumidor faça um estoque desnecessário, o que poderia resultar em escassez injustificada do produto”, disse a rede em nota.

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