Economia

Suspensão em Itabira é negativa para crédito da Vale, avalia a Moody´s

Suspensão em Itabira é negativa para crédito da Vale, avalia a Moody´s
Crédito: REUTERS/Pilar Olivares

São Paulo – A suspensão das operações no complexo de produção de minério de ferro da Vale em Itabira (região Central), seguindo decisão do Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais na semana passada, é “crédito negativo para a estabilidade operacional” da companhia, disse a agência de avaliação de riscos Moody’s em nota ontem.

O TRT determinou a suspensão do complexo, que produziu 36 milhões de toneladas em 2019, ou 12% da produção da companhia, até a implementação das medidas mais rígidas de controle do Covid-19.

A suspensão do complexo adiciona riscos para a Vale em momento em que a empresa já tem produzido menos como consequência de suspensão de licenças e adequações exigidas por conta da queda de uma barragem de rejeitos em Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte), no ano passado.

“A capacidade de manter os níveis de produção de minério de ferro é um dos principais riscos da Vale após o acidente de Brumadinho, uma vez que afeta seu fluxo de caixa e, finalmente, sua qualidade de crédito a longo prazo”, disse a agência.

A Moody’s ponderou que o revés na produção dá suporte aos preços globais do minério de ferro, considerando que a companhia é uma das maiores produtoras da commodity no mundo.

O minério de ferro está sendo negociado perto de US$ 100 por tonelada na China, “e posiciona melhor a empresa para suportar os desafios do ambiente operacional relacionados ao surto de coronavírus no Brasil e ao menor crescimento econômico global”, acrescentou a agência.

Por conta do rompimento da barragem em Brumadinho, a produção da Vale despencou para 302 milhões de toneladas de minério de ferro em 2019, ante 385 milhões de toneladas em 2018, em meio a descomissionamentos de barragens de rejeitos e medidas de segurança implementadas após a tragédia.

Itabira faz parte do sistema Sudeste da Vale e possui duas minas a céu aberto, com três grandes usinas de beneficiamento, lembrou a agência.

Juntamente com Vargem Grande (no Sistema Sul), Itabira é uma das minas mais antigas da Vale e está em operação desde 1957.

Por enquanto, a Vale mantém sua meta de produção para 2020 entre 310 milhões e 330 milhões de toneladas, uma vez que já havia feito, nesta estimativa, um provisionamento de perdas associadas à pandemia em 2020 de até 15 milhões de toneladas.

Em 17 de abril, a Vale já havia reduzido seu guidance de produção de minério de ferro em 2020 para a faixa de 310 a 330 milhões de toneladas, em comparação à meta anterior de 340-355 milhões de toneladas.

Na mais importante área de produção da Vale, em Carajás, no Pará, o crescimento de casos também tem preocupado o mercado, e a companhia em parceria com a prefeitura de Parauapebas está realizando a testagem em massa da população.

Em nota no final de semana, a empresa disse também que poderá haver “desabastecimento temporário de pelotas para o mercado interno… tendo em vista que o complexo (de Itabira) fornece pellet feed para as pelotizadoras do complexo de Tubarão”, no Espírito Santo.

Emergência – A Vale começou ontem, de forma preventiva, o protocolo de emergência em nível 1 das barragens 6 e 7A, da Mina de Águas Claras, em Nova Lima (Região Metropolitana de Belo Horizonte), e da barragem Área IX, da Mina de Fábrica, em Ouro Preto (região Central).

Segundo a empresa, as barragens estão inativas e o protocolo não requer a evacuação da população em local próximo.

“Recentemente, ao identificar três estruturas inativas e com características de barragens, a Vale comunicou e cadastrou essas estruturas nos órgãos competentes. A partir de inspeções mais recentes, não foram identificadas anomalias que possam comprometer a segurança das estruturas”, informou a mineradora.

A empresa destacou que trabalha na investigação das estruturas para verificar mais detalhes sobre as suas características e condições. “A decisão de elevar o nível de emergência é uma medida preventiva até que sejam concluídas as análises técnicas das estruturas”, diz em nota.

De acordo com a Vale, o acionamento do nível 1 das barragens não impacta o plano de produção de 2020, conforme apresentado no Relatório Produção e Vendas no primeiro trimestre de 2020. (ABr/Reuters)

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas