Tanqueiros ameaçam greve em Minas

Transportadores de combustíveis e derivados de petróleo de Minas Gerais ameaçam cruzar os braços nos próximos dias. Eles protestam contra o decreto da onda roxa em todo o território mineiro, feito esta semana pelo governador, Romeu Zema, medida necessária para controlar a proliferação da Covid-19 e impedir um colapso no sistema de saúde.
Apenas atividades essenciais, entre as quais está o transporte de combustível, estão liberadas. Porém, a categoria argumenta que, mesmo sendo essencial, o setor terá prejuízos irreparáveis com a redução de demanda em função das restrições, e cobra um pacote de auxílio do Estado e da União. Os tanqueiros querem linhas de crédito mais acessíveis, além de redução e postergação do pagamento de impostos.
O estado de greve em Minas anunciado ontem faz parte de um movimento ainda maior que envolve transportadores de todos os estados da região Sudeste. O representante dos tanqueiros no Estado diz que a categoria entende como inconsequentes as medidas restritivas da chamada onda roxa.
“Após anos de prejuízos acumulados, com impostos, taxas e altos custos do diesel e dos insumos que incidem sobre o frete, não vamos aturar e nem suportar mais esse duro golpe, que poderá levar à falência inúmeras empresas, levado a cabo sob a desculpa de que se trata de medidas de combate à pandemia do novo coronavírus”, afirmou o presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sinditanque-MG), Irani Gomes.
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A chamada onda roxa, considerada a fase mais restritiva do plano Minas Consciente, está em vigor em todos os 853 municípios do Estado desde quarta-feira (17), e vale, em princípio, até o dia 1º de abril. Nesta fase, as cidades devem seguir medidas mais severas, sendo permitido o funcionamento apenas de serviços essenciais, com toque de recolher das 20h às 5h e aos finais de semana.
A circulação de pessoas fica limitada aos funcionários e usuários de estabelecimentos desses serviços. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, a restrição foi necessária para evitar um colapso no sistema de saúde devido ao elevado número de pacientes de Covid. Até as 17h desta quinta-feira, o boletim epidemiológico apontava 21.303 óbitos por Covid em Minas e ocupação de leitos públicos e privados acima de 95%.
“Em nenhum momento fomos consultados pelo governo do Estado sobre essa decisão. Ao suspender as atividades não essenciais, o consumo cai e nosso faturamento também, por mais que sejamos considerados essenciais. Não há nenhuma medida para nos auxiliar quanto a essas perdas. Quem vai pagar a conta por esse prejuízo inconsequente, que poderá resultar em perdas de inúmeros postos de trabalho, quando a pandemia passar? Por isso, estamos em estado de greve e podemos parar a qualquer momento”, disse Irani Gomes.
Em nota, o governo do Estado informou apenas que alternativas econômico-financeiras de ajuda à categoria estão sendo discutidas por representantes das secretarias de Governo (Segov), Planejamento e Gestão (Seplag) e Fazenda (SEF). O governo descartou, por hora, redução no Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS), uma reivindicação da categoria feita no início do mês, que incidiria no preço do combustível. Segundo o Estado, ainda não foi possível identificar uma compensação de receita para reduzir o imposto, como exige a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Momento inadequado – O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minas Petro), que representa 4.500 donos de postos de gasolina, posicionou-se contra o movimento dos tanqueiros. “Entendemos e respeitamos os pleitos dos transportadores, e apoiamos pautas como, por exemplo, que tenhamos um ICMS mais baixo. Porém, achamos que não é o momento adequado para paralisações. Uma greve neste momento pode prejudicar ainda a sociedade. Apesar de entender alguns dos pleitos, a gente não apoia a greve”, disse o presidente do Minaspetro, Carlos Guimarães.
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