Setor de rochas será impactado por tarifas nos EUA; entenda

A tarifa estabelecida pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros traz impactos negativos para toda a cadeia produtiva do setor de rochas, desde mineradores, que atuam, por exemplo, em Minas Gerais, até indústrias localizadas, majoritariamente, no Espírito Santo. Entidades que representam a categoria articulam e confiam em uma solução, entretanto, vislumbram efeitos severos caso o tarifaço de 50% não seja revertido.
Os EUA são destino de mais da metade das exportações nacionais de rochas. O Brasil é, inclusive, o principal fornecedor do país. As importações norte-americanas se concentram nas chapas de materiais pétreos, produtos beneficiados e de alto valor agregado.
Conforme o presidente da Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas), Tales Machado, Minas Gerais exportou aos Estados Unidos no primeiro semestre US$ 8 milhões em rochas naturais. O valor representa apenas 1,9% de todos os embarques brasileiros para o país. O baixo percentual é devido ao tipo de produto importado pelos norte-americanos.
Embora os dados sugiram que a sobretaxa não afeta Minas Gerais, a realidade é diferente. Por ser o polo industrial do setor, o Espírito Santo sofre mais, contudo, a medida reflete no estado mineiro. Isso porque boa parte das rochas beneficiadas no estado capixaba é extraída em regiões mineiras, por exemplo, no Vale do Jequitinhonha.
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“É uma corrente. Quebrou lá na frente, para aqui também”, resume o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Beneficiamento de Mármores, Granitos e Rochas Ornamentais no Estado de Minas Gerais (Sinrochas-MG), Eduardo Félix.
Para o diretor-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (Abirochas), Reinaldo Sampaio, Minas Gerais é impactada justamente porque é um grande fornecedor da matéria-prima do setor de rochas. Ele destaca que, em solo mineiro, assim como no baiano, se encontram os materiais mais valorizados no mercado internacional. Segundo o executivo, o tarifaço pode afetar empresas e empregos nos estados produtores.
Entidades acreditam que a situação será contornada
As três entidades mencionadas acreditam que o tarifaço será contornado, mesmo que de forma parcial, dando espaço para que alternativas sejam trabalhadas e efetivadas. A Abirochas e a Centrorochas, por exemplo, trabalham diretamente para reverter à situação ou, pelo menos, minimizar os possíveis impactos negativos da sobretaxa.
Machado revela que a Centrorochas, em conjunto com o Natural Stone Institute (NSI), coordenou uma ação para reforçar o posicionamento do setor de rochas. A articulação resultou na elaboração de uma carta oficial, que será enviada ao governo norte-americano por importadores americanos de rochas brasileiras. O objetivo é promover uma mobilização, fortalecendo o pedido de adiamento de 90 dias na implementação da tarifa.
Já a Abirochas, conforme Sampaio, enviou uma carta ao vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. O documento tem sugestões de como mitigar os efeitos do problema, como mercados potenciais para os produtos. O dirigente ressalta, porém, que é preciso haver uma solução definitiva para a situação e que é impossível substituir um mercado como os EUA.
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