Tarifa dos Estados Unidos pode afetar US$ 4,6 bilhões em exportações de Minas Gerais

Se entrar em vigor no dia 1º de agosto, como anunciado por Donald Trump, a tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre os produtos importados do Brasil pode inviabilizar aproximadamente US$ 4,6 bilhões em exportações de Minas Gerais. A cifra corresponde ao valor dos embarques realizados pelos mineiros aos norte-americanos no ano passado.
O dado consta em um estudo da Futura Inteligência, braço de pesquisas da plataforma de investimentos Apex Partners. O levantamento traz números que mostram como o novo “tarifaço” tende a afetar as vendas externas brasileiras caso seja efetivado.
Conforme o documento, 11% de todas as exportações de Minas em 2024 foram para os Estados Unidos. Embora significativa, a participação norte-americana nos embarques do Estado ficou abaixo da observada em oito unidades federativas, indicando que a exposição do mercado mineiro em relação ao estadunidense não é tão alta quanto em outros lugares do Brasil.
Entre as 27 unidades da Federação, Minas Gerais é a nona mais exposta aos Estados Unidos. Nesse caso, o comércio exterior do Ceará tem a maior “dependência”, uma vez que 44,9% das exportações cearenses tiveram como destino a terra do Tio Sam.
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Na lista das chamadas “Onças Brasileiras”, termo criado pela Apex Partners em referência aos tigres asiáticos, para tratar dos estados que crescem acima da média nacional, Minas é o terceiro com o maior grau de exposição ao mercado norte-americano. Essa comparação abrange oito unidades federativas, sendo o Espírito Santo o que mais “depende”, visto que 28,6% dos embarques capixabas foram destinados para os Estados Unidos.
O comércio exterior de Minas Gerais também está menos exposto aos Estados Unidos se comparado ao Brasil, já que, nacionalmente, 12% das vendas tiveram como direção o país. A “dependência” mineira e brasileira se parece, dado que são relevantes, mas não tão expressivas em virtude da China ser, disparado, o principal parceiro comercial.
“Os Estados Unidos são o segundo maior mercado para o Brasil, mas está longe da China. Não é uma exposição tão grande, até porque a economia brasileira ainda é bastante fechada. As exportações para os norte-americanos representam cerca de 2% do PIB [Produto Interno Bruto]”, ressalta o diretor econômico da Futura Inteligência, Orlando Caliman.
Perfil da exposição dos embarques
Conforme Caliman, o item vendido por Minas Gerais mais exposto aos Estados Unidos – e que sofreria um grande impacto se a tarifa de 50% for, de fato, implementada – é o ferro fundido bruto. No último ano, o Estado exportou US$ 1,7 bilhão do produto, sendo 83,3% desse valor enviado oriundo dos embarques para os norte-americanos.
O segundo produto com maior exposição, segundo o diretor, são tubos e perfis, sem costura, de ferro ou aço (24%). O café, por sua vez, é o terceiro item que mais pesa na pauta de exportações (19,3%), embora para o diretor, seja uma porcentagem relativamente pequena.
Sem relatos de empresas mineiras antecipando produção e envios
Em virtude do anúncio dos Estados Unidos, algumas indústrias brasileiras estão acelerando a produção para enviar as mercadorias antes da nova tarifa. Em Minas Gerais, conforme a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), não há relatos de empresas que estejam realizando essa antecipação até porque grande parte dos embarques ocorre por navios.
“Como a medida começa a valer em 1º de agosto, não acreditamos que tenha tempo hábil para realizar todos os procedimentos necessários, embarcar e que a produção chegue até os Estados Unidos antes da entrada em vigor”, diz a entidade, em nota. “Produtos que possam ter envio aéreo e que tenham capacidade de antecipar o envio até seria viável. Como é o caso da própria Embraer, que poderia antecipar pedidos do mercado americano”, ressalta.
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