Tarifa dos EUA pode afetar setor de ferro-gusa em Minas Gerais

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar a tarifa de importação de quaisquer produtos do Brasil para 50% pode impactar as usinas independentes de ferro-gusa instaladas em Minas Gerais. A maior parte da produção do setor no Estado vai para o exterior, sendo o principal destino disparado os EUA.
Números do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer) ilustram a representatividade do país na atividade. Segundo o presidente da entidade, Fausto Varela, cerca de 70% do volume produzido pelas empresas mineiras em 2024 tiveram como destino o mercado internacional. Os norte-americanos importaram em torno de 75% dos produtos.
O dirigente afirma que o setor pode ser afetado se a taxa, de fato, entrar em vigor no dia 1º de agosto, como anunciado pelo governo dos Estados Unidos. Contudo, ressalta que os impactos ainda não podem ser mensurados, tendo em vista que a decisão ocorreu na quarta-feira (9). A expectativa das usinas independente do Estado, de acordo com ele, é que o governo federal negocie com os EUA e consiga reverter o novo “tarifaço”.
“Estamos avaliando quais seriam as consequências e as possibilidades de transferência de mercados, que não é fácil. Mas temos esperança de uma negociação. Temos discutido bastante e vamos trabalhar para que haja um entendimento no governo brasileiro para abrir as negociações de modo a tentar mudar essa situação e voltar ao que era antes”, diz.
Conforme Varela, é preciso aguardar os desdobramentos do caso e esperar para ver qual será a postura do governo federal diante da ação de Trump. Após o anúncio do norte-americano, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se posicionou dizendo que qualquer medida de elevação das tarifas de forma unilateral será respondida pela Lei da Reciprocidade Econômica, sancionada em abril deste ano.
Ao comentar sobre a manifestação de Lula, o presidente do Sindifer afirma que até entende a declaração dada em um primeiro momento. Entretanto, pondera que nem sempre o que se fala é o que se faz e espera que o presidente do Brasil negocie com os Estados Unidos para alterar a medida. Para Varela, a decisão não é apenas de Lula, envolve mais gente.
Taxa de 10% não impactou as exportações
Em abril, entrou em vigor a tarifa de 10% que Trump impôs sobre os produtos brasileiros, que no próximo mês subirá significativamente. Sobre a taxa atual, o dirigente diz que, embora possa ter afetado comercialmente algumas empresas, em termos de logística e preços, as exportações do setor de ferro-gusa de Minas Gerais não foram impactadas. Ele pontua que os embarques no primeiro semestre seguiram o mesmo ritmo do mesmo período de 2024.
Conforme Varela, no último ano, as usinas do Estado produziram cerca de 4 milhões de toneladas de ferro-gusa. A estimativa para este ano era manter o volume ou registrar um crescimento de cerca de 5%. Com a taxação, será preciso rever a projeção.
Tarifaço preocupa, mas une produtores de ferro-gusa
O empresário do setor siderúrgico William Reis diz que, diante das recentes medidas adotadas por Trump, as empresas de ferro-gusa de Sete Lagoas e região, estão atuantes. Segundo ele, a taxação trouxe uma preocupação muito grande para o setor, mas tem unido os produtores. “Estamos ansiosos pelas iniciativas do governo brasileiro e de entidades representativas que busquem reverter essas medidas de forma estratégica”, afirma.
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