Economia

Mesmo após isenções, tarifas dos EUA podem causar perdas de R$ 4,7 bilhões ao PIB mineiro

Fiemg estima impacto bilionário das tarifas sobre exportações mineiras para os EUA e defende ampliação de produtos isentos via diplomacia
Mesmo após isenções, tarifas dos EUA podem causar perdas de R$ 4,7 bilhões ao PIB mineiro
Foto: Banco Mundial/Divulgação

Mesmo com a exclusão de vários produtos brasileiros da lista do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais deve perder R$ 4,7 bilhões. Os impactos diretos no mercado mineiro devem ser sentidos em até dois anos, com a eliminação de mais de 30 mil empregos formais e informais.

O valor foi estimado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e representa 0,43% do PIB mineiro do ano passado, que, conforme levantamento da Fundação João Pinheiro, foi de R$ 1,06 trilhão. Desse total, os serviços responderam por R$ 593,9 bilhões, a indústria por R$ 264 bilhões, a agropecuária por R$ 70 bilhões e os impostos por R$ 130,4 bilhões.

Segundo o levantamento divulgado pela Fiemg nesta terça-feira (5), Minas Gerais é o terceiro maior estado exportador para os Estados Unidos, com US$ 4,6 bilhões (ou R$ 25,32 bilhões) exportados em 2024. Desse total, 63% permanecem sujeitos à tarifa de 50% decretada pelo governo norte-americano, afetando setores como café, carne bovina e tubos de aço. O restante, cerca de 37%, foi isento, com destaque para itens como ferro fundido, ferro-nióbio e aeronaves.

As projeções da Fiemg indicam que, caso a medida seja mantida, o impacto acumulado pode ultrapassar R$ 15,8 bilhões no PIB mineiro em um horizonte de 5 a 10 anos, com a extinção de mais de 172 mil postos de trabalho. As perdas recaem principalmente sobre a cadeia produtiva da agropecuária, especialmente no setor da carne bovina, além dos segmentos de siderurgia, calçados e madeira.

“O momento exige maturidade e diálogo institucional. A imposição dessas tarifas, ainda que parcialmente suavizada pelas isenções, foi unilateral e sem negociação com o governo brasileiro. É fundamental que o Brasil atue diplomaticamente para ampliar o número de produtos isentos, preservar sua competitividade no mercado internacional e proteger empregos e investimentos nacionais”, afirmou o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe.

Trajetória do PIB mineiro é de crescimento 

Segundo dados da Fundação João Pinheiro (FJP), o PIB de Minas Gerais somou R$ 275,3 bilhões no primeiro trimestre de 2025, com crescimento real de 1,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. A agropecuária foi responsável por R$ 27,1 bilhões, a indústria por R$ 62,4 bilhões, os serviços por R$ 150,7 bilhões e os impostos indiretos por R$ 35,1 bilhões. Além disso, a participação de Minas no PIB nacional subiu de 8,8% para 9,1% no comparativo anual.

Apesar dos números positivos, o crescimento antecede o tarifaço de Donald Trump que, para a Fiemg, pode desacelerar esse ritmo. Os produtos mineiros afetados pelas tarifas representam parcelas expressivas da balança comercial estadual e nacional. Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,4 bilhões para os EUA, sendo cerca de 55% desses produtos ainda sujeitos à tarifa de 50%, o que representa aproximadamente US$ 22 bilhões.

Fiemg defende atuação diplomática

A Fiemg destaca que a via diplomática é a principal estratégia para minimizar os danos econômicos da medida. A entidade avalia que o Brasil deve priorizar negociações bilaterais para ampliar a lista de produtos isentos e preservar as relações comerciais com os Estados Unidos, um dos principais destinos das exportações mineiras.

“É hora de agir com firmeza e responsabilidade para garantir o equilíbrio das nossas exportações, a estabilidade dos setores produtivos e a manutenção dos empregos”, concluiu Roscoe.

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