Economia

Tarifaço afeta fornecedores do setor de energia em Minas Gerais

Devido à nova taxação imposta pelos EUA aos produtos brasileiros, empresas norte-americanas já começaram a segurar pedidos para fabricantes do Estado
Tarifaço afeta fornecedores do setor de energia em Minas Gerais
Segmento de infraestrutura energética global não é tão extenso | Foto: Reprodução Tsea Energia

Os segmentos mais voltados ao setor de energia elétrica deverão ser os mais afetados pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dentro da indústria elétrica e eletrônica de Minas Gerais. A maior economia do mundo é o principal destino das exportações mineiras destes segmentos eletroeletrônicos e, devido às tarifas, as empresas norte-americanas já começaram a segurar os pedidos para as fabricantes do Estado.

As empresas mineiras mais afetadas deverão ser as fábricas de transformadores de médio e grande porte, de turbinas e de cabos que fornecem produtos para toda a cadeia de eletricidade, desde a geração à distribuição, explica o presidente do Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Estado de Minas Gerais (Sinaees-MG), Tasso Galhano.

“A gente não tem uma alternativa muito grande de saída dessas exportações. Esse mercado, especificamente transformadores e turbinas, vende dentro do Brasil, alguma coisa para a América Latina e grande parte para os Estados Unidos”, declarou.

Isso acontece, explica o presidente do Sinaees, devido ao crescimento expressivo da participação do setor eletroeletrônico nacional no mercado norte-americano nos últimos anos, com a intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China. A potência anglo-saxônica buscou novos fornecedores para sua transição energética, em detrimento da indústria do gigante asiático, conhecidamente uma liderança global no setor energético.

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Como o setor eletroeletrônico da Europa já destina toda sua produção ao próprio mercado europeu, e o Japão, outro importante fabricante global, não tem condições de suprir a demanda norte-americana no curto prazo, o momento virou uma oportunidade ao Brasil.

No segmento de transformadores, por exemplo, os Estados Unidos importam cerca de US$ 1 bilhão por ano e os embarques brasileiros correspondem por aproximadamente US$ 300 milhões. “E grande parte disso está saindo de Minas Gerais”, disse Galhano.

“É uma exportação expressiva e que ainda elevou o nível de qualidade do nosso mercado nacional. Como tem um mercado grande e exigente comprando muito, as fabricantes de transformadores mineiras elevaram muito a qualidade do serviço dela”, completou.

Outros segmentos do setor eletroeletrônico de Minas Gerais, como alguns fabricantes de eletrodomésticos, por exemplo, conseguem “escapar” do tarifaço de Trump, por terem uma grande exportação destinada aos países da América Latina, mas não aos Estados Unidos.

Tarifaço deve reduzir produção em Minas se não for revertido

A primeira onda de tarifas de Trump, em abril, quando o Brasil foi um dos países que receberam as menores sobretaxas, na ocasião, de 10%, não afetou interferiu nos negócios das empresas do setor eletroeletrônico de Minas Gerais, pontua o presidente do Sinaees. Mas com o tarifaço de 50% decretado, os compradores norte-americanos começaram a segurar os pedidos de compra para a indústria mineira.

Em meio a toda incerteza que ronda a caneta de Donald Trump, a indústria mineira espera que, pela energia ser considerada uma infraestrutura crítica, além do contexto internacional, aconteça alguma negociação específica, que flexibilize o comércio nestes segmentos. “Assim como precisamos exportar, os Estados Unidos precisam comprar, e somos, hoje, um fornecedor extremamente estratégico desse material para eles”, disse Galhano.

No pior dos cenários, ou seja, com a permanência das taxas de 50% para a importação dos produtos brasileiros, o setor eletroeletrônico de Minas Gerais deverá ter uma queda de produção, ressalta Galhano, até encontrar novos destinos para sua produção – e dificilmente conseguirá uma demanda tão grande quanta a do mercado norte-americano.

O segmento de infraestrutura energética global não é tão extenso quanto parece – concentrado em poucas empresas e com uma comercialização em blocos de países, destaca o presidente do Sinaees. Por isso, a busca por novos mercados seria um processo demorado.

“Não posso responder pelas indústrias, porque como tudo nesse aspecto, cada uma vai adotar uma estratégia, mas existe uma preocupação muito grande, caso isso venha a se consolidar, de travamento de produção”, destacou.

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