Economia

Tarifaço de Trump afeta transporte de cargas em Minas Gerais

Fetcemg avalia que, na melhor das hipóteses, crescimento na movimentação deve se manter em 2%, mesmo nível do ano passado
Tarifaço de Trump afeta transporte de cargas em Minas Gerais
Crédito: Arquivo / Diário do Comércio

O setor de transporte de cargas de Minas Gerais foi diretamente impactado pelo tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e, na melhor das hipóteses, deve manter o mesmo crescimento do ano passado na movimentação de cargas, de até 2%, avalia a Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Fetcemg).

A preocupação maior está na tarifa de 25% aplicada pela maior economia do mundo na importação de aço, o que, segundo a entidade, refletiu diretamente no volume exportado pelo Estado aos EUA. O presidente do Fetcemg, Gladstone Lobato, afirma que a indústria mineira ficou refém das tarifas de Trump e fez o setor não ter mais muita expectativa para este ano.

“(O tarifaço) está paralisando o setor, o minério de ferro já caiu, a exportação de aço do País caiu, o crescimento da indústria siderúrgica nossa deu uma segurada, então é um problema que, querendo ou não, vai bater no setor de transporte, que é o elo entre esses setores todos. Reflete diretamente em cima do transporte”, lamentou Lobato, em entrevista durante o evento Conexão Transporte Mineiro, na segunda-feira (5), em Belo Horizonte.

O presidente da Fetcemg mantém a esperança de que uma negociação do Brasil com os Estados Unidos possa conseguir diminuir as tarifas impostas pelo mandatário norte-americano, já que ele voltou atrás em outras ocasiões parecidas, mas está apreensivo com as consequências, na economia estadual e nacional, que uma guerra comercial declarada entre EUA e China pode gerar.

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O temor é, sobretudo, com um possível redirecionamento do aço chinês do mercado norte-americano para outros países, como o Brasil, o que impactaria ainda mais a produção nacional do aço. “A gente acha que, se mantiver em torno de 10%, 15% do tarifaço, a gente consegue ao menos manter o movimento do que foi o ano passado, um crescimento pequeno, de 1,5%, 2%, no máximo”, pontua Lobato.

Especialistas de mercado ouvidos pelo Diário do Comércio já analisaram que, caso as negociações das tarifas entre os países e os EUA não avancem, é natural uma queda nos preços das commodities, principalmente do petróleo e do minério de ferro. A desaceleração não deverá se transformar numa cotação estrutural, mas pode travar o comércio global até o rearranjo para um novo equilíbrio. A China é o principal mercado do minério de ferro mineiro.

Já em relação ao aço, apesar da preocupação das empresas de transporte de cargas, especialistas analisaram que as siderúrgicas localizadas em Minas Gerais seriam pouco afetadas pelo tarifaço do presidente norte-americano, inclusive na exportação de aço.

O maior impacto seria na Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), em Ipatinga, no Vale do Aço. Contudo, o grupo siderúrgico também declarou ao jornal que os impactos diretos da tarifa de 25%, estabelecida por Trump sobre as importações norte-americanas de aço, serão pequenos. De acordo com a empresa, as exportações de aço da Usiminas para os Estados Unidos representaram menos de 2% de todos os embarques realizados nos últimos dois anos.

A preocupação destacada pelo grupo mineiro, na verdade, é focada mesmo na possibilidade de redirecionamento de oferta de aço chinês dos Estados Unidos para países como o Brasil.

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