Tarifaço aumenta déficit comercial do Brasil com EUA, e Alckmin fala em acelerar negociação
O tarifaço sobre as exportações brasileiras vai levar ao aumento do déficit comercial do Brasil com os Estados Unidos, segundo o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).
Nesta terça-feira (25), o vice-presidente Geraldo Alckmin e chefe do ministério, falou em acelerar as negociações com o parceiro comercial e disse que os números reforçam que não há justificativa para essas sanções.
Ele também demonstrou preocupação com a demora na votação de duas propostas enviadas ao Congresso para ajudar as empresas afetadas por essas medidas de retaliação.
No acumulado deste ano, as exportações para os EUA caíram 4%. A antecipação de embarques ajudou a minimizar os efeitos das tarifas, que provocaram queda nas vendas nos últimos três meses. As importações de produtos americanos, por outro lado, cresceram dois dígitos.
Dos 10 produtos que os Estados Unidos vendem para o Brasil, 8 têm tarifa zero, o que faz com que a média fique em 2,7%.
“Eles só têm superávit com três países do G20, Reino Unido, Austrália e Brasil e isso vem crescendo. Embora tenha caído a nossa exportação para os Estados Unidos, a importação cresceu mais de 11% este ano. Então não há justificativa para estas tarifas, e o trabalho vai ser redobrado agora”, afirmou Alckmin durante evento realizado pela Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil).
O vice-presidente lembrou que 22% das exportações brasileiras estão sujeitas ao tarifaço. Outros 27% sofrem sanções impostas também a outros países. Ele citou a preocupação com produtos industriais e também alguns agropecuários, como mel e pescados, que continuam taxados.
Alckmin também falou sobre outros temas que têm sido discutidos com os EUA fora do escopo de tarifas e que sinalizam um caminho para acelerar as negociações, como investimentos em data centers, big techs e terras raras.
Sobre a demora na votação das duas propostas enviadas ao Congresso para ajudar as empresas afetadas, o vice-presidente citou o projeto de lei que prevê um crédito de 3,1% do valor exportado 6,1% para micro e pequena empresa como forma de desonerar as vendas para os EUA, o chamado Reintegra Especial.
Essa é uma medida válida apenas para 2025 e 2026 e que, se não for aprovada pelo Congresso, não poderá ser aproveitada pelas empresas nacionais. A partir de 2027, com a implementação da reforma tributária, a desoneração será total.
Na segunda (24), Alckmin já havia falado sobre a preocupação com a medida provisória do Plano Brasil Soberano, que contém a maior parte das medidas de socorro e caduca no dia 11 de dezembro.
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou decreto que retira as tarifas de 40% sobre alguns produtos agrícolas vendidos pelo Brasil. Na semana anterior, o governo americano derrubou a tarifa de 10% das principais exportações brasileiras, como carne e café.
Conteúdo distribuído por Folhapress
Ouça a rádio de Minas