Economia

Tarifaço de Donald Trump pode beneficiar fundição mineira; entenda

Avaliação é do presidente do Sifumg, caso as importações indianas tenham alíquota de 26% e para os produtos brasileiros seja mantida em 10%
Tarifaço de Donald Trump pode beneficiar fundição mineira; entenda
Os Estados Unidos são os principais clientes das fundições mineiras no exterior, o mesmo acontece com os indianos | Crédito: Reprodução Adobe Stock

O setor de fundição de Minas Gerais poderá ser beneficiado com o “tarifaço” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A avaliação é do presidente do Sindicato da Indústria de Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg), Bráulio Campos.

Conforme Campos, os Estados Unidos são os principais clientes das fundições mineiras no exterior. Como exemplo dessa relevância, ele cita que 20% do faturamento da Fundimig – empresa especializada na fundição e usinagem de peças e componentes em ferro fundido, da qual é diretor-presidente – é destinado ao país. Já a Índia, que também tem os norte-americanos como principais parceiros comerciais, é a maior concorrente do setor.

Diante desses fatores, o líder sindical acredita que se o republicano, de fato, taxar as importações indianas em 26% e manter a alíquota para os produtos brasileiros em 10%, as empresas de fundição de Minas Gerais serão favorecidas. “Se acontecer, automaticamente os clientes americanos vão voltar para o Brasil, favorecendo as fundições brasileiras”, diz.

Vale lembrar que na última quarta-feira (9) o chefe da Casa Branca anunciou uma pausa de 90 dias para a execução das tarifas recíprocas aos países que não retaliaram a taxação, como é o caso da Índia. Aproveitando a suspensão da medida, os indianos buscam avançar com uma negociação com os Estados Unidos para um acordo comercial bilateral.

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Por ter retaliado a taxação norte-americana, a China recebeu uma alíquota de 125%, com efeito imediato. A guerra comercial entre os dois países, porém, não deve impactar a fundição mineira. Segundo Campos, a China não é uma concorrente para o setor.

Embora preveja que o setor de fundição sairá na vantagem se as taxas anteriormente divulgadas forem aplicadas, o presidente do Sifumg ressalta que ainda é cedo para analisar o tamanho do impacto. Além da interrupção de três meses anunciada por Trump, ele pontua que as fundições não vendem commodities, e trabalham com longo prazo.

Economia brasileira impacta negativamente o setor

Enquanto o cenário internacional pode favorecer a fundição mineira, o quadro nacional tem afetado o setor. De acordo com Campos, o mercado “caiu” bastante no último trimestre, as empresas têm operado com uma alta ociosidade e a tendência é piorar.

Em 2024, a fundição de Minas Gerais investiu R$ 296 milhões, cerca de R$ 46 milhões a mais do que o projetado inicialmente. Neste ano, os investimentos podem “andar mais devagar” devido à elevada taxa básica de juros (Selic), conforme o líder sindical. “Eu acredito que nesse momento quase ninguém está investindo muito no setor”, pondera.  

Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano (a.a), o maior nível desde 2016. Na ata da última reunião, no dia 19 de março, o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que deve elevar os juros novamente em maio, quando ocorrerá o novo encontro do colegiado.

O mercado está prevendo que a Selic encerre 2025 em 15% a.a. Para o presidente do Sifumg, o Brasil enfrentará uma recessão com os juros neste patamar. “As mudanças que o governo (federal) está fazendo são para piorar a indústria. Não vai melhorar não. Com taxa alta de juros, nada vai para frente. Não existe qualquer indústria que vá para frente com taxa de juros alta. A previsão é de recessão mesmo”, afirma.

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