Tarifaço deve causar impactos negativos em Contagem

O tarifaço que começou a valer nesta quarta-feira (6) para os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos (EUA), deve prejudicar a economia de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (Sedecon), a medida pode levar a queda de receita de empresas, além do risco de desemprego, causando impactos negativos na economia local.
Em uma primeira análise, parte significativa das exportações, de 70% a 80%, não será impactada por estar dentro das isenções do artigo I do decreto do tarifaço. A estimativa, conforme a secretaria, é de que entre 18% e 27% do valor total das exportações do município poderá estar sujeito à nova taxação.
A Sedecon informa que a aplicação efetiva das taxas sob cada produto ainda deve ser acompanhada para futuras reavaliações do impacto.
Os principais produtos potencialmente afetados pela medida são obras de pedra ou de outras matérias minerais como rochas contendo magnesita; tijolos, placas (lajes), ladrilhos e peças cerâmicas semelhantes, para construção, refratários, além de cimentos, argamassas, concretos e composições semelhantes.
Também estão na lista produtos elétricos, como transformadores e aparelhos para interrupção, seccionamento, proteção, derivação, ligação ou conexão de circuitos elétricos, bem como instrumentos e aparelhos para regulação ou controle, automáticos.
A secretaria observa que, embora esses produtos estejam listados como isentos no anexo I do decreto, a isenção é condicionada a uma subcategoria restrita aos artigos relacionados exclusivamente à aviação civil, o que limita a abrangência da isenção para a maioria dos produtos elétricos.
EUA é parceiro estratégico para Contagem
Os Estados Unidos são parceiros comerciais estratégicos para Contagem, sendo o primeiro em exportação e o segundo em importação no comércio internacional total da cidade. As exportações para o país norte-americano cresceram significativamente a partir de 2021, atingindo US$ 210,8 milhões em 2024.
Em junho deste ano, 70,7% das exportações do município foram para os EUA evidenciando a forte demanda estadunidense por produtos de Contagem, especialmente do setor industrial. A cidade é, atualmente, o 6º município mineiro que mais exporta para os Estados Unidos. Na RMBH, está atrás somente de Belo Horizonte neste quesito – a capital mineira destinou 36% das suas exportações aos norte-americanos na primeira metade deste ano.
No primeiro semestre deste ano, os embarques de Contagem para os Estados Unidos somaram US$ 129,7 milhões, um crescimento de 66% em relação ao mesmo período de 2024, e representaram mais da metade da exportação da cidade ao exterior. O município obteve um superávit de US$ 69,4 milhões no comércio com o país norte-americano no período, diferente do déficit de US$ 2,2 milhões registrado no mesmo período do ano passado.
Empresas como TSEA, RHI Magnesita e ABB Eletrificação, que são grandes exportadoras de Contagem para os Estados Unidos, podem ser diretamente afetadas pelo tarifaço.
De acordo com a Sedecon ainda não há notificações específicas sobre contratos cancelados, demissões ou férias coletivas. “As ações do decreto ainda precisam entrar em vigor, se é que serão todas implementadas conforme a ameaça”, diz em trecho da nota.
A secretaria municipal destaca que houve uma expressiva elevação das exportações no início de 2025, o que pode refletir uma estratégia preventiva do setor industrial de Contagem, antecipando-se às taxações já anunciadas.
“A Sedecon já está mobilizada com o setor industrial exportador para avaliar os impactos de maneira mais concreta e tem desenvolvido agendas com representantes internacionais de outros países almejando a possível realocação das exportações para novos parceiros”, informa.
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