Economia

Tarifaço não afetou exportações de aço do Brasil para os EUA, diz Inda

O volume destinado ao mercado norte-americano representou 78,8% das exportações neste ano e 70,8% no ano passado, evidenciando aumento na participação
Tarifaço não afetou exportações de aço do Brasil para os EUA, diz Inda
Crédito: Reuters/Alexandre Mota

As exportações de aço do Brasil para os Estados Unidos (EUA) não foram impactadas pelo tarifaço. Os números superam os do ano passado e não registraram queda após a tarifa de 50% aplicada ao aço brasileiro pelo presidente Donald Trump, em junho deste ano. As informações foram divulgadas pelo presidente do Instituto Nacional de Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Jorge Loureiro, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (21).

De janeiro a julho deste ano, os distribuidores brasileiros exportaram 4,04 milhões de toneladas de aço para os EUA, contra 3,6 milhões no mesmo período de 2024, segundo o Inda. O volume destinado ao mercado norte-americano representou 78,8% das exportações neste ano e 70,8% no ano passado, evidenciando aumento na participação.

No segmento de placas de aço, o volume exportado para os EUA passou de 3,55 milhões de toneladas entre janeiro e julho de 2024 para 3,83 milhões no mesmo período de 2025.

Segundo Loureiro, a igualdade de condições tarifárias explica por que o Brasil não foi significativamente impactado pelas sobretaxas dos EUA.

“Os 50% para as placas de aço valem para o mundo inteiro, não apenas para o Brasil. Qualquer país que exportar para os EUA terá a taxa aplicada. Há igualdade de condições e os Estados Unidos precisam importar placas, pois não produzem o suficiente. Assim, as exportações vão continuar, e quem realmente paga a conta é o consumidor norte-americano”, avaliou.

As importações, entretanto, continuam sendo um problema para o setor. Em julho, registraram alta de 16,8%, passando de 219,2 mil toneladas em 2024 para 256 mil toneladas neste ano. No acumulado, a elevação é de 42%, de 1,5 milhão para 2,1 milhões de toneladas.

Segundo Loureiro, para enfrentar esse cenário, as usinas brasileiras pressionam o governo a criar e aplicar a legislação antidumping.

“O levantamento já foi feito e está claro que existe dumping. Normalmente, o governo cria um imposto provisório, mas, no Brasil, pretende adotar um imposto definitivo, o que pode demorar até um ano”, afirmou.

Preço do aço deve se manter estável

Os estoques de aço no Brasil cresceram 2,6% entre junho e julho, criando um ambiente de estabilidade para os preços até o fim do ano.

“A perspectiva é de estabilidade. Achamos que os preços chegaram ao piso. Primeiro, porque esse nível de preço é muito negativo para as usinas em termos de resultado. Segundo, porque reduzi-los não vai gerar mais mercado. O mercado já está abastecido”, avaliou.

Os distribuidores encerraram julho com estoques 16,2% superiores aos de 2024, totalizando 1,09 milhão de toneladas, o equivalente a 3,2 meses de suprimento, ante a média histórica de 2,9 meses.

Inda deve rever previsão de crescimento anual

Segundo o Inda, as vendas de aço plano pelos distribuidores brasileiros somaram 345,5 mil toneladas em julho, alta de 10,1% frente a junho (313,8 mil toneladas). O resultado superou as expectativas do Instituto, que eram de 5%.

Na comparação anual, houve alta de 2,9%, elevando o acumulado de janeiro a julho para 2,27 milhões de toneladas, aumento de 0,5%. O resultado ficou distante da previsão de crescimento anual do Inda, estimada em 1,5%.

“Ainda não revisamos a taxa de crescimento; devemos fazê-lo no próximo mês, mas será muito difícil atingir a previsão. Provavelmente, ficaremos perto do zero a zero”, disse Carlos Jorge Loureiro.

Para agosto, o Inda prevê queda de 2,5% nas vendas, de 350 mil toneladas em 2024 para 336,9 mil toneladas neste ano.

Loureiro ressaltou ainda o crescimento de 12% do consumo aparente, observando que a expansão não reflete o consumo real, mas sim o grande volume de estoques. “O que cresce é o estoque, que está nas mãos dos importadores. Isso pressiona muito o mercado”, concluiu.

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