Economia

‘Tarifaço’ pode travar mais de R$ 1,5 bilhão em exportações de Sete Lagoas aos EUA

Se confirmadas as novas taxas, setores, como o ferro-gusa, projetam interromper contratos com o país norte-americano; Cerca de 4 mil empregos estão ameaçados
‘Tarifaço’ pode travar mais de R$ 1,5 bilhão em exportações de Sete Lagoas aos EUA
Com 23 empresas, setor siderúrgico na região é responsável por 70% do total de envios do município a outros países, correspondendo aproximadamente 60% da produção nacional | Foto: Divulgação INDA

Industriais de Sete Lagoas, na região Central de Minas Gerais, seguem apreensivos com relação ao “tarifaço” promovido pelos Estados Unidos, que pode chegar a 50% para o Brasil no próximo mês. Se confirmadas as novas taxas, setores, como o ferro-gusa, projetam interromper contratos com o país norte-americano, cujas negociações no ano passado ultrapassaram US$ 400 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão), segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

Se não negociado, o impacto tende a ser consideravelmente severo, já que hoje os Estados Unidos são o principal destino de commodities exportadas pela cidade. Com 23 empresas, o setor siderúrgico na região é responsável por 70% do total de envios do município a outros países, correspondendo aproximadamente 60% da produção nacional.

De acordo com o secretário de meio ambiente, desenvolvimento econômico e agropecuária de Sete Lagoas, José Valadares Bahia, o município segue dialogando com as empresas, especialmente as siderúrgicas, que já estão buscando adotar ações em decorrência das incertezas. “Muitas interromperam contratos e devem esperar se haverá taxação antes de realizarem quaisquer negociações”, destaca.

Com as taxas previstas, o secretário avalia que os impactos devem ser imediatos e a curto prazo. Segundo ele, é improvável que o volume produzido seja direcionado a outros países, tanto por entraves logísticos, quanto pela elevada disponibilidade da commodity no mundo. “Não conseguimos deslocar produções e, com isso, as exportações de ferro-gusa devem ser paralisadas”, destaca.

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Como consequência da interrupção das comercializações, a sustentabilidade dos negócios, bem como dos quase 4 mil empregos gerados, está ameaçada. “Estamos dialogando com o governo federal para evitarmos que isso se concretize e que prejudique a economia com um todo”, acrescenta Bahia.

Mineração, energia e carvão vegetal: cadeia produtiva deve sentir consequências de eventual paralisação

Após a divulgação das sanções, o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo (Sindifer), Fausto Varela, destaca que o setor segue se reunindo para tratar de eventuais impactos. “Cidades metalúrgicas e siderúrgicas, como Sete Lagoas, Pará de Minas, Divinópolis e região, têm uma dependência muito alta dos Estados Unidos. No ano passado, o país correspondeu por quase 90% do total exportado pelo setor”, pontua.

Além do ferro-gusa, parte da cadeia produtiva de grande força em Minas Gerais, como a mineração, energia e carvão vegetal, também deve ser afetada em situações de paralisação ou desaceleração nas atividades. “Uma taxação de 50% inviabiliza negócios e perdemos competitividade. Não existe forma a curto prazo de redirecionamento, precisamos dialogar com os Estados Unidos”, reforça o dirigente.

Até agosto, o setor espera que as taxas sejam retiradas, ou que pelo menos volte aos 10% aplicados à maioria dos países. “Uma taxa de 50% não é uma taxa de fronteira, para proteção do mercado, é uma taxa para punir, uma sanção. Pedimos por negociação e interlocução nos próximos dias”, finaliza Varela.

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