Saiba como as tarifas de Trump podem afetar resultado da balança comercial de Minas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu taxar em 25% as importações de aço e alumínio nesta segunda-feira (10), cancelando isenções e cotas para os principais fornecedores, Canadá, México, Brasil e outros países.
A medida deve impactar o resultado da balança comercial brasileira e mineira, embora em intensidades diferentes, conforme especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio. O motivo é o perfil de cada uma em relação aos produtos, já o destino predominante das vendas externas é o mesmo: China.
Em Minas, há uma maior concentração da pauta, já que café e minério de ferro em conjunto representaram quase 60%, com participação de 31,4% do café e de 27,8% do minério de ferro, conforme o último levantamento da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/Mdic), divulgado na sexta-feira (7). Em termos de participação se destacam no País o café (5,26%), óleos brutos de petróleo (17,76%) e minério de ferro (8,72%).
A China é o principal destino das exportações do Estado, cuja participação no valor total foi de 26,5%, e os Estados Unidos, com participação de 11%, no primeiro mês de 2025. O mesmo vale para o Brasil, com o país asiático detendo participação de 21,72% das exportações brasileiras, seguida pelos Estados Unidos (12,76%).
Minas Gerais é o terceiro maior exportador do País, com participação de 12,1% no comércio internacional, atrás de São Paulo (21,4%) e do Rio de Janeiro (18,7%).
Antes mesmo da mudança na tarifa ser confirmada, já há impactos, segundo o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Cledorvino Belini. “Impacto sempre tem, o primeiro é o psicológico”, observa. “O que o Brasil deve fazer é negociar”, acrescenta.
O economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), Diogo Santos, lembra que Minas Gerais, que abriga importantes empresas do setor, como ArcelorMittal, Aperam, Gerdau e Usiminas.
No ano passado, o Estado foi o que mais produziu aço bruto no Brasil entre as unidades da Federação. A produção mineira representou 30,1% da nacional, enquanto o Rio de Janeiro, segundo colocado, respondeu por 26,2%.
O Brasil é o segundo fornecedor de aço e alumínio para os Estados Unidos, atrás do Canadá. Diante disso, o governo brasileiro estuda possíveis medidas de resposta às ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor sobretaxas a produtos brasileiros, mas não há qualquer decisão tomada a respeito até a tarde de segunda-feira (10) e a ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é primeiro tentar negociar, disseram duas fontes com conhecimento das tratativas à Reuters.
“No caso das empresas em Minas, os impactos são diferentes, de acordo com o perfil de produto e destino das exportações”, observa o economista da Fundação Ipead.
A presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Carolina Rocha Batista, alerta que é fundamental que Minas Gerais adote estratégias de diversificação econômica e fortaleça suas relações comerciais com outros mercados, garantindo maior estabilidade e resiliência em um cenário global cada vez mais incerto. Ela ressalta que a redução nas exportações pode impactar negativamente nos postos de trabalho gerados pelas empresas no Brasil.
O professor de Relações Internacionais da Puc Minas, Javier Vadell, diz que os impactos da medida tomada por Trump devem ser sentidos pelo setor siderúrgico brasileiro e do Estado. “Estamos vivendo uma conjuntura de incerteza”, frisa.
Perfil das exportações brasileiras pode mitigar impacto das tarifas de Trump em Minas Gerais
Por meio de nota, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) informou que acompanha com atenção os desdobramentos sobre a possível taxação de 25% nas exportações de aço e alumínio para os Estados Unidos. Para a entidade, caso a medida seja efetivamente implementada, trará impactos negativos, considerando que as exportações desses produtos para esse mercado são expressivas para a economia brasileira.

“No entanto, é importante ressaltar que, por se tratar de uma taxação aplicada a todas as economias e não exclusivamente ao Brasil, o cenário colocaria os países em condições de concorrência mais equilibradas”, diz a Fiemg.
O presidente da entidade, Flávio Roscoe, destaca que a expectativa é de que o Brasil não seja prejudicado de forma significativa. “Assim como ocorreu no primeiro mandato do ex-presidente Donald Trump, entendemos que, mesmo com a adoção de sanções, o Brasil poderá obter algumas concessões. Grande parte das nossas exportações é de produtos semi-elaborados, que passam por processos de industrialização em empresas norte-americanas, muitas delas coligadas a companhias brasileiras. Isso pode ser um fator favorável para que o Brasil não saia machucado dessa situação”, analisa.
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