Tarifas de Trump podem reduzir PIB de Minas, com impactos no emprego e investimentos

A retomada da política protecionista dos Estados Unidos, em especial a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, deve impor uma retração significativa à atividade econômica de Minas Gerais. Projeção da UFMG indica queda de R$ 1,66 bilhão no PIB estadual, uma redução de 0,15%.
Segundo estudo do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea), do Cedeplar/UFMG, Minas está entre os estados mais afetados pelo chamado “tarifaço de Trump”, com impactos relevantes sobre setores como agropecuária, extração mineral e siderurgia.
O estudo estima que, no cenário atual, as medidas tarifárias levariam a uma contração de 0,16% no PIB brasileiro, o equivalente a menos R$ 19,2 bilhões de reais. As exportações sofreriam uma redução expressiva de R$ 52 bilhões, e cerca de 110 mil postos de trabalho seriam perdidos.
“Os principais efeitos são a redução da atividade econômica no Brasil e em Minas (medida pelo PIB). Pensando no Brasil, alguns setores se destacam pela maior perda de atividade, como: aeronaves, embarcações e outros equipamentos de transporte; carnes; café; entre outros”, explica o economista Pedro Revoredo, um dos autores da pesquisa, João .
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Minas entre os estados mais sensíveis às tarifas
A dependência do mercado norte-americano ajuda a explicar o forte impacto sobre a economia mineira. Os produtos mais vulneráveis às tarifas são justamente os carros-chefe da pauta exportadora estadual: o café, as carnes e o minério de ferro.
“Minas Gerais, bem como os demais estados mais afetados, tem nos EUA um grande parceiro comercial. As tarifas elevadas implicam em perda de competitividade, o que reduz o volume exportado”, aponta o economista.
No caso da agropecuária, a estimativa é de uma retração superior a 1% no PIB do setor. E, embora os grandes exportadores sejam os mais afetados, os pequenos produtores também devem sentir os reflexos dessa perda de mercado.
“O maior peso dessa queda está concentrado nos produtores que exportam. O pequeno produtor rural também deve receber impacto negativo, mas não tão proeminente quanto os exportadores”, afirma Revoredo.
O estudo foca nos impactos de curto prazo, mas os pesquisadores alertam para possíveis efeitos mais duradouros, caso o cenário tarifário se prolongue. “Essa instabilidade pode deslocar investimentos para fora do Brasil, inclusive de Minas Gerais”, avalia o pesquisador.
Modelo de simulação é desenvolvido na UFMG
A análise foi feita com base no modelo IMAGEM-B, desenvolvido pelo Cedeplar, que permite simulações dos efeitos de choques econômicos regionais e nacionais. Segundo os autores, o uso de modelos como o IMAGEM-B é fundamental para prever e mitigar impactos antes que eles se consolidem.
“Essas análises ex-ante (antes do fato acontecer) permitem que políticas econômicas se antecipem a choques negativos e encontrem caminhos para remediar os efeitos. A importância está justamente em dar ferramentas para decisões mais assertivas.”
O modelo utilizado na pesquisa, construído na Universidade Federal de Minas Gerais, reforça o protagonismo de Belo Horizonte na análise econômica aplicada do Brasil. O IMAGEM-B reproduz a economia em termos matemáticos e permite simulações precisas dos efeitos de eventos externos sobre regiões específicas.
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