Economia

Inadimplência em Belo Horizonte recua e fecha fevereiro em 53,6%

O levantamento da Fecomércio-MG também aponta para um recuo na taxa de endividamento na capital mineira, passado de 89,6% para 89,4% no mês passado
Inadimplência em Belo Horizonte recua e fecha fevereiro em 53,6%
Foto: Reprodução Freepik

A taxa de famílias inadimplentes em Belo Horizonte recuou em fevereiro deste ano na comparação com o mês anterior. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), pouco mais da metade (53,6%) dos consumidores estão com contas em atraso. Esse resultado é 1,8 ponto percentual (p.p.) abaixo do registrado em janeiro (55,4%).

O levantamento feito pelo Núcleo de Pesquisa & Inteligência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG) mostra que essa taxa é mais elevada entre as famílias com até dez salários mínimos, com 53,6% com contas atrasadas. Dentre os indivíduos, 59,9% dos consumidores ainda não conseguiram honrar seus compromissos financeiros.

A economista da Fecomércio-MG Gabriela Martins lembra que as contas em atraso podem comprometer o acesso ao crédito e, consequentemente, o consumo. Ela lembra que o cenário atual de taxa de juros elevada gera mais dificuldade para essas pessoas pagarem as contas em atraso.

As famílias na Capital que não terão condições de quitar suas dívidas somam 26,3% do total, apresentando um aumento de 0,4 p.p. em relação ao mês anterior (25,9%). Considerando os indivíduos com dívidas atrasadas, 49,1% entendem que não poderão pagar suas contas no próximo mês.

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Para Gabriela Martins a taxa de inadimplência na Capital pode manter um ritmo de queda para os próximos meses, mas essa redução deverá ser menos acentuada do que a observada no caso do endividamento. Portanto, muitos consumidores poderão sair dessa situação futuramente, mas outros seguirão com dificuldades para honrar os compromissos financeiros.

“Muitas famílias, por mais que tenham maior disponibilidade de renda e maior acesso ao mercado de trabalho, não terão condições de pagar suas dívidas que já estão em atraso, devido à taxa de juros muito elevada”, explica.

Ela ainda destaca que o cenário em Belo Horizonte está muito mais preocupante que no restante do Brasil. O Peic nacional, divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), fechou o último mês com 28,1% de taxa de inadimplência e apenas 11,9% das famílias brasileiras sem condições para quitar as dívidas. “É uma diferença considerável”, aponta.

Endividamento das famílias em Belo Horizonte segue em queda

A maioria (89,4%) dos consumidores em Belo Horizonte estava endividada em fevereiro. Apesar de elevada, essa taxa representa um recuo de 0,2 p.p. frente ao observado no primeiro mês do ano (89,6%). Essa é a terceira queda consecutiva no indicador, passando de 91,3%, em novembro de 2024, para o patamar atual.

A economista da Fecomércio-MG destaca que, apesar desta tendência de queda na taxa de endividamento em Belo Horizonte, a redução está acontecendo de forma mais lenta e pouco expressiva. “Apesar de ser um valor muito elevado, o endividamento não é muito preocupante. Porque isso significa que as pessoas estão utilizando o crédito e podendo consumir por meio disso”, completa.

Ela também avalia que a tendência é que essa queda permaneça nos próximos meses, influenciado pelo ganho real da renda devido ao reajuste do salário mínimo e o mercado de trabalho aquecido, mesmo em um cenário de juros altos e queda no investimento dos empresários. “As famílias com emprego e renda acabam não buscando tanto o crédito para consumir”, diz.

No entanto, assim como observado no caso da inadimplência, a taxa de endividados na Capital supera a média nacional. A especialista lembra que o indicador do País ficou em 77,9% em fevereiro deste ano ou 11,5 p.p. abaixo do observado na capital mineira.

O estudo demonstra que 35% dos entrevistados declaram estar “mais ou menos endividados” e outros 32,5% afirmam que estão pouco endividados. Além disso, 21,9% relata estar muito endividado, esse número sobe para 22,9% entre as pessoas com renda de até dez salários mínimos. Já 10,6% dos respondentes garante que não possui dívidas atualmente.

Gabriela Martins explica que existem diversos fatores que podem levar as pessoas a buscar o consumo por meio do crédito. Dentre eles, segundo a especialista, está a tentativa de complementação da renda familiar mensal.

“As pessoas buscam crédito para consumir. Muitas vezes esse consumo é voltado para a alimentação e itens de subsistência, mas algumas pessoas também utilizam para comprar itens semi duráveis – como geladeiras, fogão e televisão – e duráveis, como os carros”, relata.

Cartões de crédito
Crédito: Marcelo Casal Jr. / Agência Brasil

O cartão de crédito responde pela maioria das dívidas entre os consumidores de Belo Horizonte com 90,1% do público total. Essa taxa sobe para 94,6% entre aqueles com renda superior a dez salários mínimos; enquanto o grupo com até dez salários mínimos conta com 89,3%.

Os outros destaques foram os carnês (29,3%); financiamento de carro (14,4%) e crédito pessoal (11,8%). Nesse grupo, os compromissos financeiros envolvendo os carnês foram o principal destaque entre as pessoas com até dez salários mínimos (31,5%); enquanto o financiamento de carro foi destaque entre os consumidores com mais de dez salários mínimos (25%).

O tempo médio de pagamento em atraso na capital mineira é de 65,8 dias, podendo chegar a 67 dias entre as famílias com renda de até dez salários mínimos. Pouco mais da metade (52,4%) dos consumidores gastam mais de 90 dias para honrar os compromissos financeiros adquiridos.

Já o tempo médio de comprometimento da renda fechou o último mês em 8,2 meses. A pesquisa da Fecomércio-MG aponta que 44,2% das famílias de Belo Horizonte comprometem a renda por um período superior a um ano, no grupo com até dez salários mínimos essa taxa sobe 0,1 p.p. e passa para 44,3%.

Em média, as dívidas das famílias belo-horizontinas comprometem 32,4% do orçamento do mês, podendo chegar a 32,8% entre as famílias com até dez salários mínimos. A maioria (60%) dos consumidores da Capital afirma que os compromissos financeiros comprometem de 11% a 50% do orçamento familiar; sendo ainda mais elevada entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, essa taxa sobe para 66,3%. 

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