Ter o próprio negócio é sonho de quase metade dos brasileiros, mostra pesquisa

Viajar pelo Brasil e ter casa própria são os principais sonhos dos brasileiros, mas em terceiro lugar neste ranking desponta também o sonho de ter o próprio negócio. Pelo menos, este é o desejo de 48% dos entrevistados para a pesquisa “Global Entrepreneurship Monitor” (GEM 2023), um produto da Unidade de Gestão Estratégica e Inteligência do Sebrae Nacional com o apoio da Associação Nacional de Estudos e Pesquisas em Empreendedorismo (Anegepe).
Os dados do estudo, referentes a 2023, revelam o perfil do empreendedor brasileiro que vem crescendo e demonstrando estabilidade. Segundo a pesquisa, os empreendimentos estabelecidos são aqueles com mais de 3,5 anos. No último ano, a Taxa de Empreendedores Estabelecidos (TEE) cresceu de 10,4% para 11,9% na comparação com 2022.
Completando o terceiro ano consecutivo de expansão deste indicador, os especialistas avaliam melhora no ambiente econômico. Os aspectos referentes à infraestrutura, como acesso fácil a aluguel, comunicação, gás, água, luz e esgoto, além da dinâmica do mercado interno, educação e capacitação, explicam a alta da taxa.
A motivação para escolher o empreendedorismo também mudou. Hoje, os brasileiros partem nesta direção em busca de fazer a diferença. Essa razão – “fazer a diferença no mundo” -, pela primeira vez ficou em primeiro lugar no ranking de motivos para empreender, desbancando a opção “ganhar a vida porque os empregos são escassos”.
Sendo o motivo citado por 77% dos entrevistados, este número também coloca o País nas primeiras posições do cenário mundial, sendo classificado em terceiro lugar com mais empreendimentos que visam melhorar comunidades, atrás apenas da Índia e da Guatemala.
Para o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, o crescimento do empreendedorismo motivado por um propósito de transformação pessoal e social, na mesma medida do recuo da decisão de abrir um negócio por força da necessidade, confirma a melhora da economia brasileira.
“A pesquisa revela uma nova realidade importante para o País. Historicamente, os empreendedores que abrem um negócio a partir de um propósito são mais qualificados, planejam-se e preparam-se melhor antes de criar a empresa, e terminam tendo uma atividade mais longeva quando comparada àqueles que iniciam na atividade para buscar uma complementação na renda”, explica.
Negócios com propósito e planejamento
O processo de abertura de um novo negócio deve estar alinhado às necessidades de mercado e à disponibilidade de envolvimento na atividade do empreendedor.
Enquanto muitos procuram na abertura de um negócio uma oportunidade de se tornar seu próprio chefe, outros enxergam a possibilidade de causar algum tipo de impacto no mercado em que pretendem atuar.
Por isso, no último ano, a proporção de empreendedores “por necessidade” caiu nos grupos de empreendedores nascentes, aqueles que têm negócios de até três meses, com os números passando de 51,2% para 39,9%. Já entre os novos empreendedores que estão no mercado entre três meses e 3,5 anos, a abertura por necessidade apresentou um recuo de 44,6% para 37,7%.
Brasil é 8º país com maior taxa de empreendedorismo total
A pesquisa do Sebrae revela, ainda, que o Brasil somou 90 milhões de empreendedores ou candidatos a empreendedores no País. Entre as 10 economias com mais trabalhadores neste ramo, o Brasil registra 42 milhões de pessoas adultas, com 18 a 64 anos, que têm um negócio ou que fizeram alguma ação em 2023 visando ter um negócio no futuro. Com isso, o País fica em 8º lugar no ranking de empreendedorismo total, ou seja, somados os números de empreendedores e de candidatos ao empreendedorismo.
Outros 48 milhões de pessoas não têm empreendimento no momento, mas gostariam de ter um negócio em até três anos.
Já na taxa de empreendedorismo inicial, o Brasil passou da 9ª (com 20%) para a 12ª posição (com 18,6%), e na taxa de empreendedores estabelecidos, houve um salto de 10,4% em 2022, para 11,9% em 2023.
Com um perfil empreendedor estável, o País, pelo quarto ano consecutivo, tem um destaque negativo no que diz respeito aos empreendedores iniciais, com a proporção de mulheres no grupo em queda, passando de 44,2% para 40,2% entre 2022 e 2023.
O destaque positivo para os empreendedores iniciais é a renda, que chega a até seis salários mínimos para 80% deste público.
Pontos de atenção
Segundo os analistas consultados para o estudo, o País deve manter os seguintes pontos em destaque para possíveis melhorias, já que são condições que afetam o empreendedorismo:
- reduzir a burocracia;
- ampliar o apoio financeiro;
- ampliar o investimento em tecnologia/P&D;
- ampliar o ensino do empreendedorismo no ensino médio/técnico.
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