Transição energética é oportunidade para alavancar negócios entre Minas Gerais e EUA

Neste ano, Brasil e Estados Unidos completam 200 anos de relações diplomáticas. No âmbito deste marco diplomático, o comércio de Minas Gerais com os EUA movimenta cerca de US$ 5 bilhões anualmente. Em meio à movimentação bilionária, o governo norte-americano vem mantendo uma atenção especial nas oportunidades que a transição energética pode gerar nesta parceria.
De acordo com a Cônsul dos EUA em BH, Katherine Earhart Ordoñez, o tema foi um dos focos do memorando de entendimento renovado entre os governos norte-americano e mineiro para cooperação e prospecção de investimentos.
“Um foco desse memorando é justamente a transição energética e minerais críticos. Os Estados Unidos têm muito interesse em fazer mais parcerias nessa área com o Estado”, disse Katherine Ordoñez, que destacou a reunião do governador Romeu Zema (Novo), durante sua última visita ao país, no Departamento de Estado dos EUA, órgão equivalente ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), em busca de mais oportunidades nestes temas.
Katherine Ordoñez ressaltou que oportunidades de colaboração na transição energética também foram tratadas por Zema e a embaixadora dos EUA, Elizabeth Frawley Bagley, que visitou o Estado semana passada. “Sabemos que Minas Gerais tem um papel importante na transição energética e terá muito mais oportunidades para parcerias”, disse.
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Minas Gerais concentra jazidas de minerais importantes para o processo de transição energética. Um dos insumos que mais vem atraindo a atenção de investidores estrangeiros é o lítio, usado na produção de baterias. O Estado já atraiu aportes bilionário para o Vale do Jequitinhonha, agora conhecido também como o Vale do Lítio.
Além disso, o Estado conta com reservas de terras-raras e de nióbio, considerados estratégicos para a transição energética.
Para estreitar laços e aproveitar este potencial, em setembro, o Departamento de Comércio dos EUA levará algumas empresas de Minas Gerais para participar da MINExpo International, em Las Vegas. Trata-se da maior feira sobre mineração do mundo. “A delegação brasileira sempre é bem grande para essas feiras, são muitas pessoas que se encontram com novos parceiros de negócios. É uma troca de experiências fundamental para nós”, declarou a Cônsul.
Além disso, em agosto, será realizado em Belo Horizonte o VisitUSA, evento para promover o turismo dos Estados Unidos no Brasil. O encontro também servirá para fortalecer as conexões de negócios entre empresários americanos e operadores do mercado brasileiro.
Indústria de transformação impulsiona comércio entre Minas Gerais e EUA
Douglas Arantes, gerente regional da Câmara Americana de Comércio em Minas Gerais (Amcham MG), destaca que o aumento da participação da indústria de transformação mineira no comércio bilateral entre o Estado e os EUA. O setor subiu de 64,4% para 73,9% de participação nas exportações mineiras para o país americano.
Esta alta foi puxada pela queda na participação da agropecuária (de 39,5% para 25,8%), principalmente devido ao recuo de 27,8% da exportação do café não torrado, segundo produto mineiro mais exportado para os EUA.
O impulso também veio do crescimento de 33,7% nas exportações de ferro-gusa e similares, principal produto de Minas Gerais exportado aos EUA, de 29,8% da exportação de produtos como tubos e perfis ocos, e acessórios para tubos, de ferro ou aço, e de expressivos 186,4% de máquinas de energia elétrica e suas partes.
A expectativa da Amcham agora é a estabilização dos preços internacionais e crescimento moderado das importações e exportações entre Minas Gerais e EUA. “Neste ano é essencial lembrar que as relações diplomáticas entre Brasil e EUA completam 200 anos e isso pode gerar um impulso ainda mais relevante nas relações bilaterais, tendo inclusive o Brasil como presidente do G20”, declarou Arantes.
O carvão é o principal produto importado dos EUA para Minas Gerais. A matéria-prima movimentou US$ 244 milhões em comércio com o Estado e registrou alta de 5,1% na importação em 2023. Em seguida, estão coques e semicoques (US$ 158 milhões), com alta de 42,1% nas importações, e veículos para transporte de mercadorias (US$ 100 milhões), com aumento de 23,2%.
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