Transição energética é oportunidade para Minas Gerais e Reino Unido

O comércio bilateral entre Minas Gerais e o Reino Unido está em franco crescimento em 2025, ano em que as relações diplomáticas entre brasileiros e britânicos completam 200 anos. As exportações mineiras para o Reino Unido cresceram 75,6% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, o que contribuiu para o aumento de 56,3% no superávit da balança comercial do Estado com os britânicos no semestre na comparação ano a ano.
Segundo o presidente do Comitê de Infraestrutura e Mineração da Brazilian Chamber of Commerce in Great Britain (Câmara Brasileira de Comércio na Grã-Bretanha, em tradução livre), Alexandre Aroeira Salles, a relação entre mineiros e britânicos reserva boas perspectivas sobretudo na transição energética, com o potencial do país britânico para investimento em energia limpa e do Estado na produção de minerais críticos.
Com a ressalva, pontua, de que os avanços nas relações comerciais do Estado com os britânicos dependem das negociações com o governo federal e com o Mercosul, mas não mais com a União Europeia (UE), já que o Reino Unido deixou de fazer parte do bloco europeu em 2020.
Salles, sócio-fundador do Aroeira Salles Advogados, escritório mineiro que detém a única filial brasileira em Londres, também já foi diretor regional da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham) em Minas Gerais. Ele destaca que a necessidade do Reino Unido por minerais críticos se encaixa com a ampliação da produção destes insumos em Minas Gerais, que detém uma das maiores reservas mundiais dos minerais estratégicos.
Além disso, os britânicos contam com grande capacidade de investimentos em projetos de geração de energia limpa, com estruturas eficientes no sistema financeiro. O setor de energia renovável, sobretudo solar fotovoltaica, tem recebido vultosos aportes no Estado nos últimos anos.

“Seja por meio de estruturações pelos bancos multilaterais, o Reino Unido é forte nessa capacidade, de auxiliar financiamento para aceleração de determinadas linhas de projetos, como energia limpa, e estrutura de seguros, que é outro lado que Minas Gerais tende a precisar cada vez mais e o Reino Unido está preparado para dar”, explica Salles.
O executivo da Câmara Brasileira de Comércio na Grã-Bretanha aponta ainda que os investimentos britânicos, em projetos de energia limpa em Minas Gerais, podem ampliar o desenvolvimento de negócios no País, o que deverá se reverter em aumento das exportações nacionais e mineiras para o Reino Unido.
Ouro e café impulsionam exportações de Minas para o Reino Unido
No ano passado, o superávit da balança comercial de Minas Gerais com o Reino Unido alcançou US$ 590,9 milhões, um crescimento de 12,4% em relação ao ano anterior. No primeiro semestre deste ano, o aumento do superávit foi impulsionado principalmente pela alta nos valores dos embarques mineiros de café para o Reino Unido, que quase dobraram no período, em meio à recente alta histórica nos preços do insumo cafeeiro em todo o mundo.
Outro produto que contribuiu para o avanço dos embarques mineiros para o Reino Unido foi o ouro, principal produto exportado pelo Estado para os britânicos. As exportações do metal precioso extraído em Minas Gerais para o país europeu aumentaram 112,6% no primeiro semestre de 2025 na comparação ano a ano.
Ao todo, as exportações mineiras para o Reino Unido alcançaram US$ 493,2 milhões na primeira metade deste ano. Na outra ponta, as importações mineiras de produtos britânicos movimentaram US$ 78,1 milhões no período, alta de 57% em relação aos seis primeiros meses do ano passado. Os resultados contribuíram para o Estado registrar um superávit de US$ 361 milhões no comércio bilateral com os britânicos no primeiro semestre de 2025.
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