Economia

Transportadoras revisam para baixo projeções de 2025 em MG

Empresas estimavam crescimento, mas negócios são impactados por custos elevados e demanda menor, o que deve resultar até mesmo em queda neste ano
Transportadoras revisam para baixo projeções de 2025 em MG
Redução nos preços do óleo diesel ajuda a conter o custo operacional das transportadoras, mas não garante a rentabilidade para as empresas | Foto: Diário do Comércio / Arquivo / Alessandro Carvalho

A manutenção de uma taxa básica de juros (Selic) alta, o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e uma queda de 10% na demanda, observada no decorrer do segundo trimestre deste ano, fizeram as empresas de transporte rodoviário de cargas em Minas Gerais revisarem para baixo as expectativas para o ano.

Anteriormente, as transportadoras esperavam um crescimento de 5% a 10% no faturamento, com aumento da margem de lucro. Agora, a estimativa do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), é que o desempenho do setor em 2025 se mantenha estável – ou até mesmo registre uma queda.

O vice-presidente do Setcemg, Adalcir Lopes, destaca que a elevação da Selic inviabiliza a aquisição de novos caminhões e, agora, com o aumento recente do IOF, as transportadoras têm suas margens ainda mais comprimidas, já que não conseguem repassar a alta dos custos operacionais no preço do frete. Os contratos de transporte de cargas são, em geral, negociados com três anos de antecedência, o que deixa os preços defasados em relação aos custos.

De acordo com Lopes, no segundo trimestre, período em que normalmente há um pico de demanda devido aos meses mais produtivos do ano — quando não chove e têm início as grandes obras —, esse aumento ainda não foi observado. “O consumo das famílias diminuiu. De um modo geral, esses juros impactaram também na compra do carro novo, reforma da casa, algum bem. Tem todo esse quadro que impacta no nosso segmento”, complementa.

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Adalcir Lopes
Lopes aponta que desempenho no segundo trimestre está aquém do esperado | Foto: Divulgação Setcemg

A redução nos preços do diesel promovidos pela Petrobras, a última realizada em maio, tem ajudado a não onerar ainda mais o caixa das transportadoras mineiras, mas Lopes pontua que não é o suficiente para manter o transporte de cargas rentável, frente a um crescimento generalizado nos custos das outras partes que compõe os negócios do setor.

“Esse aumento dos juros vai trazer um impacto enorme para nós. O diesel, o que ele diminui são centavos, o impacto dele é pequeno”, declarou.

Há ainda o fator Donald Trump. O representante da entidade setorial destaca que o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, e que gerou uma guerra comercial com a China, por consequência, paralisou o comércio mundial e gerou uma incerteza tamanha, que o setor de transporte de cargas não consegue administrar.

“Ninguém consegue visualizar ou administrar o que está para vir no comércio mundial. O receio nosso é que essas barreiras possam exigir que o governo brasileiro tenha que adquirir mais mercadorias, principalmente da China, impactando nosso setor siderúrgico, nossas indústrias de transformação, para ter que consumir produtos chineses a prejuízo das empresas nacionais. Isso vai impactar ainda mais, é o nosso temor”, analisa.

Falta de infraestrutura afeta cumprimento de carga horária

Além dos altos custos operacionais, incerteza e menor demanda, o vice-presidente do Setcemg ressalta que a falta de infraestrutura, sobretudo em rodovias federais, dificulta o trabalho dos caminhoneiros para cumprir a carga horária adequada, exigida pela legislação, em regiões com poucos pontos de parada e descanso. Os motoristas ainda têm de enfrentar uma alta criminalidade, em virtude do crescente roubo de cargas nas estradas.

“A gente estava muito otimista no início do ano, mas, infelizmente, não vai performar (do jeito que queríamos) não. Já há condição de visualizar que o ano não vai ter condição de ter crescimento no nosso setor, de maneira alguma”, lamenta Lopes.

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