Economia

Instabilidade econômica afeta crescimento do transporte de cargas em Minas Gerais

Impasses devem frear o ritmo da categoria, que no início do ano projetava avanços de até 10% e agora podem chegar a apenas 4%
Instabilidade econômica afeta crescimento do transporte de cargas em Minas Gerais
Setor de transporte de cargas em Minas tem como principais mercados os setores de siderurgia, mineração e construção, que estão mais fracos | Foto: Diário do Comércio / Arquivo / Alessandro Carvalho

Em um ano marcado por incertezas econômicas, políticas e jurídicas, o setor de transporte de cargas revisou a expectativa de crescimento em Minas Gerais. Para 2025, os impasses devem frear o ritmo da categoria, que no início do ano projetava avanços de até 10% e agora podem chegar a apenas 4%, conforme estima o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg).

Nesse período, o setor encontrou dificuldades para progredir em meio a obstáculos, como o aumento dos juros, mudanças nas regras do IOF e instabilidades externas, como guerras na Ucrânia e no Oriente Médio. As ações afetaram diretamente os custos operacionais, especialmente o preço do diesel e o acesso ao crédito pelas empresas.

O presidente do Setcemg, Antonio Luis da Silva Junior, destaca que o atual cenário impacta fortemente os principais mercados da categoria: os setores de siderurgia, mineração e construção. “O setor de transporte vive em função de demandas da indústria e mineradoras e o desempenho econômico desses setores estão mais fracos do que o previsto”, pontua.

Caso se confirme, a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil também pode prejudicar a categoria a curto prazo, embora não preocupe a médio e longo prazo. “Se tivermos restrição de exportação, obviamente indústrias vão buscar alternativas e negociar com outros mercados. Para o setor de transporte, esse o impacto é mais preocupante pela elevação de custos, especialmente de eletrônicos”, acrescenta o dirigente.

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Insegurança jurídica pode levar a redução de investimentos no setor

Além das incertezas políticas e econômicas, o setor de transporte de cargas em Minas Gerais considera a baixa produtividade como um dos maiores entraves vivenciados. Nesse contexto, a insegurança jurídica em função da inconstitucionalidade em diversos pontos da Lei do Motorista – impostas em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) – deve acarretar prejuízos no desempenho das empresas.

Para a entidade, a norma afeta diretamente os custos e a produtividade dos negócios, além de resultar em maior número de ações trabalhistas e insatisfação de motoristas. “Estamos com dificuldade de contratação, deficiência de motoristas, além de pouco investimento em melhorias de estradas. São momentos muito difíceis e contas intangíveis para o setor”, argumenta Silva Junior.

Além disso, o aumento nos custos do diesel e na manutenção veículos preocupam, já que os atuais preços do frete não acompanham os reajustes. A partir disso, foi criada a campanha pelo Frete Justo, que reivindica uma remuneração justa aliada a uma cobrança correta de preços, com a finalidade atenuar o alto custo de operação.

Segundo semestre exigirá mais trabalho e mobilização

Para o segundo semestre, embora desfavorável com o atual cenário, o setor se mantém resiliente e luta para que evitar eventuais regressões. No último trimestre, a expectativa é que importantes datas comemorativas, como Natal e Black Friday, possam impulsionar os resultados e estimular a geração de empregos e atração de investimentos para 2026.

“Esperamos que o segundo semestre exija mais trabalho e mobilização. Nesse momento, precisamos de uma resposta do governo com relação à redução de impostos e maior segurança jurídica para a categoria”, finaliza Silva Junior.

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