Economia

Transportes de cargas e logística já sofrem efeitos das tarifas impostas pelos EUA

Empresas, que dependem das negociações para escoar produtos, revelam que embarques foram antecipados ou cancelados por clientes em razão das incertezas
Transportes de cargas e logística já sofrem efeitos das tarifas impostas pelos EUA
Foto: Alessandro Carvalho

Em vigor desde o dia 6 de agosto, o aumento das tarifas de importação dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros já impactam diferentes cadeias produtivas no País, incluindo o setor de transporte rodoviário de cargas e logística. As empresas, que dependem das negociações para escoar produtos, revelam que embarques foram antecipados ou cancelados por clientes em razão das incertezas.

Os dados fazem parte do levantamento realizado pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), por meio do Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Econômicas (Decope).

Segundo a pesquisa, 82% das empresas de transporte de cargas e logística consultadas relataram queda na demanda por fretes relacionados às exportações. Para 65%, os embarques foram antecipados ou cancelados pelos clientes diante da insegurança quanto à efetivação das tarifas.

Com relação aos valores praticados, o cenário mostra uma divisão no cenário enfrentado, prevalecendo a manutenção dos preços, conforme apontaram 41% dos entrevistados. Enquanto isso, 29% apontaram aumento e outros 29% indicaram recuo no custo dos fretes.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


O assessor técnico da NTC&Logística responsável pelo levantamento, Lauro Valdivia, explica que, apesar de ser um segmento específico, as empresas que trabalham para clientes que exportam para os Estados Unidos precisaram adaptar operações, redirecionar rotas e renegociar contratos. ”Transporte de cargas e logística é meio e não o fim, ou seja, depende do comprador e vendedor. Se um dos dois lados apresentar problemas, ele será afetado porque não irá transportar”, ressalta.

Para Valdivia, a região Sul do Brasil concentra um dos setores mais impactados: a indústria moveleira. Os produtos, segundo ele, são produzidos exclusivamente para o mercado americano, dificultando o redirecionamento de carga para outros países. “Isso complica mais porque não tem como reposicionar e cabe ao empreendedor conseguir novos clientes. Pontualmente temos empresas muito afetadas nesse sentido”, acrescenta.

Cenário em Minas é mais otimista por envolver produtos de alta demanda global

Em Minas Gerais, o assessor técnico explica que o cenário é de maior otimismo, já que as transportadoras locais estão mais envolvidas com produtos de alta demanda para diferentes localidades, como minério de ferro, carne e café. O Estado, segundo ele, exporta para o mundo inteiro e por isso o impacto não foi expressivo, conforme relataram as transportadoras locais.

Apesar disso, o levantamento constatou que o setor em todo o País está preocupado e teme uma escalada de impactos no futuro. Apenas 10% do segmento geral de transporte de cargas e logística vislumbra melhoras nos próximos meses ou até no próximo ano.

Entre os fatores que acentuam o pessimismo estão as eleições de 2026, a fragilidade da economia diante de altos juros e inflação, além das tensões comerciais com os Estados Unidos. A preocupação ainda recai sobre uma possível recessão do mercado interno, que podem resultar em desligamentos a depender do quanto o segmento será afetado.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas