Transporte de cargas em Minas deverá crescer menos em 2024

O setor de transportes de cargas em Minas Gerais deverá registrar um crescimento menor neste ano frente ao anterior. Em 2023, o segmento registrou alta de 15% e, para 2024, a estimativa é que o incremento possa variar entre 5% e 10%, muito em função do desânimo que vive o setor, ao enfrentar custos maiores em até 45% por conta do valor do diesel, das condições das estradas em Minas Gerais e dos impactos que a reforma tributária poderá gerar no setor, o que tem levado empresas pequenas e médias a desistir da atividade.
O alerta foi feito pelo presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Antônio Luís da Silva Júnior, que avaliou o transporte de cargas como uma atividade de risco, cara e que remunerou pouco neste primeiro semestre de 2024.
“O primeiro semestre foi fraco, com a demanda contida por conta de inseguranças jurídicas, principalmente por decisões não concluídas do Supremo Tribunal Federal (STF), principalmente, no caso da desoneração da folha e também a chamada Lei do Motorista (que dispõe sobre a profissão do motorista para definir e controlar a jornada de trabalho e o tempo de direção) que até hoje não foi definida. Isso criou incertezas no setor e dificuldades para crescermos”, enumerou o dirigente.
Outro aspecto destacado pelo presidente foram os custos, principalmente, no que diz respeito aos combustíveis; equipamentos, que também subiram demais e falta de mão de obra especializada, principalmente motoristas. “O transporte de carga para o setor de siderurgia foi fraco; o da mineração deu uma acelerada por um período e depois diminuiu; nos setores de alimentos e medicamentos, a demanda aumentou e o setor do e-commerce cresceu muito. No geral, equilibrando os altos e baixos, a demanda ficou estável”, avaliou.
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Com relação ao segmento de e-commerce, o dirigente observou que, depois da pandemia, vem em uma crescente. “Acredito que deve ter crescido em torno de 20% no semestre e isso ajudou muito os transportadores de carga fracionadas e cargas de última milha. A expectativa para o segundo semestre é que seja um pouco melhor, pois há mais consumo. Os empresários fizeram estoque e tiveram vendas aquém das expectativas. Com isso, estão mais preparados para poder retomar o comércio, retomar as vendas e os transportes. E as eleições municipais sempre alavancam algumas obras, geram necessidades. Por isso, a expectativa para o segundo semestre é melhor do que foi o primeiro”, projetou.
Segundo Silva Júnior, o custo com diesel em algumas rotas chega a superar em 45% o valor do frete. “Além do custo com os combustíveis, outro ponto que impacta o setor é a dificuldade em repassar aos preços as instabilidades de mercado que estamos vivendo. Tivemos demandas de fretes que não acompanharam os aumentos sucessivos nos combustíveis ou aumento de imposto. Assim, sofremos uma instabilidade muito grande na composição dos nossos custos, onde também incluímos a mão de obra”, observou.
Minas Gerais tem a maior malha rodoviária do País, e é considerado um Estado de passagem, onde toda carga que sai do Sul/Sudeste para o Nordeste passa por Minas, enfatizou o dirigente. “As estradas em Minas, apesar dos esforços, são uma malha muito grande e não recebem recursos suficientes para melhorar. Temos as piores condições de estrada do Brasil, tanto nas federais quanto estaduais, e isso implica em queda de produtividade e maior custo com manutenção dos caminhões. Hoje, gastamos quase seis horas para chegar a Ipatinga, quando no passado esse tempo era em torno de quatro horas, em função do tráfego e das condições da estrada. Isso requer mais caminhão na rua para atender à demanda”, comparou.
Hoje, a frota existente é suficiente para absorver um incremento na demanda de até 20%, sem necessidade de grandes investimentos, pontuou o presidente. “Essa ociosidade de frota se deve muito ao agronegócio que teve uma frustração de safra e de uma redução no transporte de carga das áreas de siderurgia e construção. Porém, esperamos que elas retornem, pois temos condição de absorver esse crescimento neste segundo semestre com muita facilidade, uma vez que o setor está preparado para isso”, projetou.
As transportadoras têm na sua estratégia a renovação da frota. O grande problema é que os preços dos caminhões subiram muito acima da inflação dos últimos anos, considerou ele. “Atualmente, uma carreta custa cerca de R$ 1 milhão. Isso, certamente, vai postergar alguns investimentos, principalmente, das empresas médias e pequenas. Elas não têm estrutura, pois, além da falta de crédito barato, ainda temos juros altos e restrições de crédito, que estão afetando demais a renovação mais rápida da frota”, considerou.
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