Trem Rio-Minas deve levar passageiros no primeiro semestre de 2025

Com aportes que podem chegar a R$ 60 milhões, o Projeto Trem Rio-Minas ainda está sem data definida para começar a receber turistas, mas a expectativa é que o transporte de passageiros tenha início no primeiro semestre de 2025, tudo por conta da burocracia. Assim que estiver em funcionamento, o trem percorrerá uma rota de 37 quilômetros, que começa em Chiador, na Zona da Mata, passando por Sapucaia e finalizando em Três Rios, no Rio de Janeiro.
Na última semana, em Brasília, no Ministério dos Transportes (MTR), a ONG Amigos do Trem e a VLI Logística assinaram o Contrato Operacional Específico (COE), que posteriormente foi enviado para a Agência Nacional do Transporte Terrestre (ANTT). Segundo a presidente da ONG Amigos do Trem, Cyntia Nascimento Leite, a data para início dos trabalhos ainda não foi definida, pois a ANTT tem 30 dias para liberar a autorização de transporte no trecho.
“São demandadas uma série de documentos e obrigações que temos que cumprir, que vão desde seguros, material, carro de passageiros dentro das normas, dentre outros. A nossa previsão é para o primeiro semestre ainda estar em funcionamento. Mas, após liberado o documento, ainda será feita uma inspeção, que acredito que será rápida. Tem que estar tudo em conformidade para a ANTT liberar o funcionamento e a ANTT se comprometeu também a agilizar esse processo que aguardamos desde 2015”, explica.
De acordo com Cyntia Nascimento Leite, o projeto surgiu em 2015 e o fundador da ONG, Paulo Henrique do Nascimento, faleceu em 2018, em decorrência de um câncer e não conseguiu acompanhar o desenrolar projeto do Trem Rio-Minas.
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“Conseguimos comprar alguns carros de passageiros e recebemos quatro locomotivas cedidas, sendo duas da VLI e outras duas da Ferrovia Centro Atlântica (FCA). Além disso, tivemos um empresário que investiu R$ 600 mil no projeto, época que conseguimos fazer a manutenção e a reforma dos carros de passageiros”, conta.
Ainda em 2015 a ONG finalizou a manutenção e reforma do trem e conseguiu fazer a viagem teste no trecho de Três Rios até Cataguases. “Isso para comprovar a viabilidade do projeto. Conseguimos as autorizações com a FCA, que é detentora do trecho. Aí vieram as questões das liberações, da qualidade do trecho em si, para o projeto iniciar, juntamente com a autorização da FCA cedendo o trecho para a ONG Amigos do Trem operar”, explica.
De acordo com a dirigente, a ONG Amigos do Trem, prioriza que todos tenham acesso ao passeio no Trem Rio-Minas. “Teremos valores acessíveis e trabalhamos até com a possibilidade de desconto para os moradores dos municípios por onde a composição passa. E, quanto ao valor, vamos refazer o estudo de viabilidade, atualizar os dados, para poder apresentar para a ANTT e para a sociedade”, projeta.
Ao longo dos mais de 30 quilômetros do trecho do Trem Rio-Minas, existirão as paradas e os atrativos dos próprios municípios, salienta a dirigente. “Queremos que sejam fomentadas atividades turísticas no entorno também, nos vários municípios vizinhos. Sempre falo com as prefeituras que o Trem Rio-Minas é um equipamento turístico. Precisamos que essas cidades trabalhem juntas, pois o turista quer saber para onde vai, o que vai fazer, onde vai comer e qual ou quais atrativos têm a cidade. É um trabalho de várias mãos”, destaca.
Cyntia Nascimento Leite adianta que dentro dos carros de passageiros também serão realizados eventos. “Teremos carros comemorativos, realizaremos eventos gastronômicos, enfim, são várias possibilidades que podemos trabalhar dentro dos carros de passageiros e o turista terá essa opção dentro do trem e também nos municípios”, considera.
Além do resgate do patrimônio ferroviário, a ONG prioriza também a questão de geração de renda, emprego, e fomento da cultura, enumera a dirigente. “Com a paralisação do trem vimos o empobrecimento também ao longo de todo o trecho, de famílias que dependiam do trem para fazer o comércio crescer, seja um hotel, um restaurante, dentre outros. No estudo de viabilidade que fizemos temos uma boa expectativa sobre o número de empregos que o Trem Rio-Minas poderá gerar”, reforça.
Hoje, são 13 carros de passageiros e cada um conta com 78 lugares, perfazendo um total de 1.014 pessoas por viagem. “Imagina fazermos três viagens e esse montante de turistas indo para Três Rios, Chiador e para Sapucaia. Isso vai mexer com a rede hoteleira. com os bares, restaurantes, lanchonetes e com toda a economia local”, considera.
A dirigente reforça que o projeto Trem Rio-Minas poderia, mas não tem investimento do governo do Estado, municipal, nem mesmo apoio parlamentar. “Sempre faço esse apelo aos municípios, ao poder público em geral, para ver o projeto com mais carinho. Passamos por tantas provações burocráticas, já fizemos reforma e estamos ‘vencendo’. Não tínhamos trem, fomos lá, compramos uns e conseguimos outros. Não tinha determinado estudo, fizemos para comprovar para o governo federal que o projeto é viável e sustentável. Em um projeto como este, o apoio do poder público, é bem-vindo”, pondera.
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