Turbulência global aflige Bolsa brasileira

Nova onda da pandemia da Covid-19 na Europa, proximidade das eleições norte-americanas e um cenário de incertezas. De acordo com especialistas consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, esses são alguns dos principais motivos que têm provocado quedas sucessivas na Bolsa de Valores brasileira e despencado números, inclusive, a nível global.
Ontem, o Ibovespa teve queda de 4,25%, a maior desde o dia 24 de abril (-5,45%), aos 95.368,76 pontos, o menor nível desde o dia 2 de outubro, que registrou 94.015,68 pontos. Na semana, a queda já chegou a 5,82% e a 17,53% no ano.
Nesse cenário, ao que tudo indica, os patamares, por ora, devem permanecer nos 95 mil, 96 mil pontos, segundo a assessora financeira e sócia-diretora da FB Wealth, Daniela Casabona.
“Não só a Bolsa do Brasil está sofrendo. Todos os mercados estão abalados em função do grande aumento de casos de Covid-19 que se deu na Europa e nos Estados Unidos. É um momento bastante turbulento. A gente está vendo um movimento de aversão a risco bem próximo daquele de quando começou a pandemia”, diz ela, acrescentando que alguns dos setores mais afetados são o do turismo e o do petróleo.
Analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila também destaca a segunda onda da Covid-19 como um dos impulsionadores dos números baixos na Bolsa de Valores. Além disso, ele relata que os resultados esperados pelo mercado eram outros.
“A segunda onda da Covid-19 na Europa e possíveis lockdowns em países tão importantes como França e Alemanha voltam a preocupar os investidores que estavam aguardando bons balanços corporativos no Brasil no 3T20 e 4T20”, afirma.
Analista de investimentos da Mirai Asset, Pedro Galdi chama a atenção também para o fato de que não se esperava uma segunda onda da Covid-19 com essa intensidade, ao contrário do que ocorre com a questão política nos Estados Unidos.
“Todas as bolsas estão caindo. Basicamente, estamos em um período próximo das eleições nos Estados Unidos e há uma situação gravíssima na Europa”, diz ele, que ressalta ainda que haverá prejuízos significativos na economia.
Futuro – Quando o assunto são as perspectivas, Régis Chinchila salienta que as análises que envolvem a Bolsa de Valores têm como base cenários macroeconômicos “e definitivamente 2020 tem sido complexo demais para falarmos em ‘expectativa futura’”, afirma.
Entretanto, ele pontua que a recuperação do mercado local permanece “amparada pelas vendas no varejo on-line, melhora nos preços de commodities se fortalecendo pela alta do dólar frente ao real e retomada da construção civil”.
Daniela Casabona, por sua vez, vê na vacina contra a Covid-19 a possibilidade de melhora de todo esse cenário. “Acho que a gente vai manter essa turbulência até uma possível vacina”, salienta ela.
Visão semelhante tem Galdi, da Mirai Asset. “Passado tudo isso, voltando à normalidade, as Bolsas voltarão a se recuperar”, afirma.
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