Uberaba projeta nova estação de tratamento para contornar crise hídrica

Uberaba, no Triângulo Mineiro, segue adotando medidas para driblar os efeitos da seca e estiagem, que estão cada vez mais severos no município. Para os próximos anos, a cidade projeta construir uma nova estação que promete aumentar em 50% a capacidade de água tratada.
Com investimentos de aproximadamente US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões), o projeto prevê captar a água do rio Grande e terá capacidade para tratar 600 litros por segundo. Hoje, a cidade dispõe de três estações que tratam 1.200 litros por segundo e necessita realizar contingenciamento no horário noturno para garantir o abastecimento em períodos onde há ausência de chuva.
Segundo o presidente da Companhia Operacional de Desenvolvimento, Saneamento e Ações Urbanas (Codau), Rui Ramos, o projeto já foi revisado e em até 60 dias a licitação deverá ser publicada. A expectativa é que as obras comecem ainda neste ano, com previsão de conclusão em até cinco anos.
A solução é vista como necessária para evitar com que a cidade enfrente problemas severos de desabastecimento no futuro. Ramos destaca que em mais de 50 anos, a cidade nunca vivenciou uma crise climática tão severa quanto em 2024. “São cerca de 170 dias de estiagem, temperaturas elevadíssimas, aumento no consumo e as atuais duas fontes de captação do rio Uberaba não estão com volume suficiente para atender as estações”, avalia.
Apesar da gravidade, o atual presidente da Codau descarta a possibilidade de desabastecimento de água em Uberaba em razão da estiagem. “Estamos fazendo um contingenciamento, bloqueando o abastecimento no período noturno para recompor o nível do reservatório durante o dia. Hoje, a medida tem sido suficiente para garantir o abastecimento da cidade nesse período”, detalha.
Este atual momento, segundo ele, é resultado da falta de investimento do município nos últimos 20 anos, que não teria planejado ações importantes na cidade pensando no longo prazo. Ramos acrescenta que atual situação só está controlada devido aos recentes investimentos, como quatro novos centros de reservação, que ampliou em 25% o volume de água armazenada, além da perfuração de poços do aquífero guarani.
Copasa pretende construir barragem própria para evitar manobras
Embora descartem uma eventual crise hídrica ou desabastecimento, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) segue aplicando estratégias para garantir o abastecimento regular de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Desde o último mês, a companhia vem realizando um trabalho de manobra para reabastecer a bacia do rio das Velhas. A iniciativa, segundo o superintendente da Unidade de Negócio Metropolitana da Copasa, Ronaldo Serpa, é uma medida preventiva para garantir uma vazão suficiente não só para captar água, mas para garantir outros usos do rio.
Em médio prazo, Serpa ressalta que a companhia pretende construir a própria barragem para não precisar realizar as manobras. O projeto, segundo ele, é considerado como uma solução para o futuro e ainda depende da aquisição de áreas. “Enquanto isso, realizamos uma operação conjunta com outras empresas”, afirma.
Em paralelo a esse projeto, a companhia segue realizando ações, como perfuração de poços, melhorias em elevatórias e sistemas de reservatório. Ao analisar os aportes tecnológicos, a empresa, segundo Serpa, tem investido em tecnologia em termos de modernização do sistema, de equipamentos e em manutenção preventiva.
Ao avaliar a atual situação do reservatório, Serpa afirma que o sistema integrado Paraopeba e rio das Velhas está com 57% da capacidade de armazenamento. “A quantidade, apesar de menor do que nos últimos dois anos, está longe de bater a seca histórica de 2015”, pontua.
Apesar disso, a companhia reforça a importância do consumo consciente e reforça a dependência de outras variáveis para manter a estabilidade nos reservatórios, como a tecnologia para distribuição de água, presença de chuvas e a intensidade dos desafios climáticos. “Sabemos que durante ondas de calor o consumo aumenta muito, é natural. Precisamos ampliar os nossos sistemas para dar conta desse aumento aliado ao consumo consciente da população”, finaliza Ronaldo Serpa.
Poços de Caldas e Ituiutaba adotam rodízio
Nas últimas semanas, além de Uberaba, municípios como Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, e Poços de Caldas, no Sul de Minas, precisaram adotar iniciativas severas para garantir o abastecimento de água para evitar a estiagem. As duas cidades seguem adotando rodízios durante o período, que já ultrapassa três meses.
O Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) de Poços de Caldas realizará manobras para garantir o abastecimento de água. A cidade, que depende exclusivamente da água das chuvas para o abastecimento, implementará ainda um rodízio em toda a região, com o fechamento temporário do registro em determinadas áreas para permitir o abastecimento em outras.
Já na cidade de Ituiutaba, a Superintendência de Água e Esgotos (SAE) do município estabeleceu um plano de situação de emergência para o sistema de abastecimento. O novo regime de abastecimento será organizado em ciclos de 48/24 horas, ou seja, haverá dois dias consecutivos de fornecimento de água, seguidos por um dia de intermitência.
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