Uberlândia é o melhor município mineiro em saneamento básico

A edição 2021 do Ranking do Saneamento Básico, divulgada pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, aponta Uberlândia e Uberaba, ambas na região do Triângulo, como as duas cidades mineiras mais bem posicionadas, em terceiro e 11º lugar respectivamente.
O estudo aborda os indicadores de água e esgotos nas 100 maiores cidades do País com base nos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) – ano-base 2019, divulgado pelo Ministério das Cidades. Também aparecem no ranking: Montes Claros, no Norte de Minas (23º lugar); Belo Horizonte (37º); Contagem (53º), Betim (64º) e Ribeirão das Neves (68º), as três na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH); e Juiz de Fora, na Zona da Mata (71º).
Uberlândia subiu duas posições, voltando ao terceiro lugar da lista e continuando em primeiro em Minas Gerais. O levantamento mostra que a cidade também é a primeira da lista nos municípios com mais de 500 mil habitantes e com um serviço 100% público. Outro destaque se refere à tarifa cobrada pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), terceira menor de todo o ranking e primeira entre as cidades melhores colocadas, na média de R$1,89 por metro cúbico.
De acordo com o diretor-geral do Dmae, Adicionaldo Cardoso dos Reis, o bom resultado é fruto de um trabalho contínuo e bem planejado, que tem total apoio da prefeitura e envolve todos os funcioários do departamento.
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“Realizamos esse trabalho voltado para a população há muitos anos. Isso exige planejamento e continuidade. Estamos terminando o investimento de R$ 300 milhões em Capim Branco. E já temos o projeto de ampliar a nossa primeira estação de tratamento e estamos contratando mais uma às margens do Rio Uberabinha. Sempre buscamos novos investimentos que devem ser feitos de maneira coordenada. Não adianta só tratar a água se não cuidarmos do esgoto”, explica Reis.
A estação de Capim Branco, já está com as obras concluídas e em fase de pré-operação, é composta por 20 quilômetros de adutoras e reservatório com capacidade de 10 milhões de litros. O sistema, que já têm capacidade de produção de 2 mil litros por segundo, pode garantir água tratada para até 1,5 milhão de habitantes.
Desempenho nacional do saneamento básico
O novo Ranking do Saneamento Básico confirma que o País não oferece serviços de água tratada para quase 35 milhões de habitantes, sendo 5,5 milhões nas 100 maiores cidades. São, aproximadamente, 100 milhões de pessoas sem acesso à coleta de esgotos, sendo 21,7 milhões nesses maiores municípios. Além disso, o Brasil ainda não trata quase metade dos esgotos que gera (49%).
Segundo o pesquisador do Instituto Trata Brasil, Pedro Scazufca, o País ainda está longe de cumprir a meta estabelecida pelo Marco Legal do Saneamento Básico, que prevê a universalização dos serviços até 2033.
“O Brasil vem evoluindo muito lentamente e, para alcançar a meta, precisamos dobrar o volume de investimentos imediatamente. O estudo faz esse ranking com as 100 maiores cidades olhando os indicadores de atendimento e o esforço para universalizar o serviço e torná-lo mais eficiente. Percebemos que existe uma grande disparidade entre os 20 primeiros colocados e os 20 últimos. Os primeiros já universalizaram os serviços ou estão muito próximos a isso. Já os que estão no fim da lista estão infinitamente atrasados”, pontua Scazufca.
Comparando, por exemplo, os resultados entre Uberlândia e a cidade classificada na 80ª posição – São Luís, capital do Maranhão -, é possível perceber a discrepância. A cidade mineira, com 691 mil habitantes, teve indicador de atendimento total de água de 100% e indicador de atendimento total de esgoto de 99,93%.
Ao mesmo tempo, a capital nordestina, com 1,1 milhão de habitantes, apresentou indicador de atendimento total de água de 83,25% e indicador de atendimento total de esgoto de 49,65%. No total de investimentos a diferença é também bastante significativa. Ao passo que Uberlândia investiu R$ 433,25 milhões nos últimos cinco anos, São Luís investiu R$ 284,77 milhões no mesmo período.
A universalização dos serviços tem dois efeitos econômicos diretos: o primeiro é a diminuição de gastos com a saúde. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cada real investido em saneamento pode economizar até nove em saúde. De outro lado está o aquecimento da economia local. A infraestrutura de saneamento, geralmente, exige grandes obras que demandam a contratação de empresas que utilizam mão de obra intensiva, fazendo com que uma grande cadeia produtiva seja movimentada.
A perspectiva de que a crise econômica deflagrada pela pandemia possa impedir grandes investimentos nos próximos anos pode levar o Brasil a uma piora significativa nos resultados.
“Projetos de saneamento são de longo prazo. 2033 não está distante e quem não começou já está muito atrasado. Devemos entender que esse tipo de investimento reduz os gastos com saúde, melhora a qualidade de vida da população, melhora as condições do meio ambiente com limpeza dos rios e mares, por exemplo. E, por outro lado, obras de saneamento têm a capacidade de girar a economia local, com fortes impactos diretos e indiretos”, afirma o pesquisador do Instituto Trata Brasil.
Em Uberlândia a promessa é que os investimentos serão mantidos mesmo com o agravamento da pandemia nos últimos meses. “São obras que demandam planejamento e investimentos de longo prazo. Apesar do aumento da inadimplência em consequência da crise da Covid-19, vamos buscar outras formas de financiamento. Os recursos que já estavam garantidos serão utilizados nas obras contratadas”, completa o diretor-geral do Dmae.
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