Economia

UCB vai investir R$ 380 milhões em Extrema, no Sul de Minas, para expansão produtiva

O aporte, que será dividido em duas fases, visa a fabricação da linha de soluções de armazenamento de energia com baterias da empresa
Atualizado em 24 de abril de 2024 • 14:37
UCB vai investir R$ 380 milhões em Extrema, no Sul de Minas, para expansão produtiva
Fábrica da UCB em Extrema | Divulgação/UCB

A multinacional brasileira UCB Power investirá, até 2028, R$ 380 milhões para expandir suas atividades produtivas na cidade de Extrema, no Sul de Minas Gerais. O aporte será feito visando a fabricação local da linha de soluções de armazenamento de energia com baterias da empresa. A estimativa é que cerca de 500 empregos diretos e indiretos sejam criados a partir do projeto.

O investimento da fabricante acontecerá em duas etapas. Na primeira, projetada para ocorrer entre este ano e o próximo, os recursos serão destinados para a expansão da fábrica atual no município. Já na segunda etapa, prevista para o período de 2025-2026, será alugado um terreno para comportar o salto de produção, estabelecendo assim a terceira unidade fabril da marca no Brasil.

Para planejar a ampliação da capacidade produtiva com mais segurança e assertividade, a UCB pretende estabelecer operações essenciais e otimizar os processos finais na fase inicial do projeto. A fim de mitigar riscos e garantir uma operação alinhada às necessidades dos clientes, a empresa ainda prevê ajustes dinâmicos na produção conforme o mercado reage aos produtos fabricados. 

Projeto também prevê parcerias com universidades

Além de aumentar as atividades, a companhia vai injetar capital em um laboratório de engenharia de produtos com foco no pós-venda. O intuito é atender às demandas pelos equipamentos BESS, sigla para sistemas de armazenamento de energia com baterias. O espaço também terá o papel de consolidar parcerias da fabricante com universidades e centros de ensino e pesquisas locais.

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Empresa quer manter liderança no setor

Em entrevista ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, o CEO da UCB, George Fernandes, afirmou que a empresa espera manter a liderança no mercado brasileiro de armazenamento de energia com o investimento. Cabe realçar que a marca já é considerada uma das maiores do Brasil e da América Latina no segmento. Adicionalmente, é pioneira na fabricação de baterias de lítio no País e lidera a produção de baterias estacionárias, portáteis para celulares e laptops e para mobilidade elétrica.

“O mercado está em uma fase extremamente positiva, com volumes cada vez maiores. A produção local de baterias, seja minha ou dos meus concorrentes, tem crescido bastante, o que demonstra que as baterias vieram para ficar. E quanto mais se discutir sobre a implementação delas no sistema on grid, maior será a necessidade de produzir os sistemas localmente,” destacou.

O executivo disse que Extrema se mostrou um polo favorável à expansão. Segundo ele, conforme for crescendo a procura pelos BESS e por baterias em geral, a fábrica da cidade tende a ampliar sua participação dentro do leque produtivo da fabricante. Parte da produção da outra planta da companhia, em Manaus, no Amazonas, será usada no dimensionamento das soluções de BESS.

“Sou extremamente otimista em relação a isso. Espero ter que fazer uma nova ampliação em menos de dois anos devido ao aumento da necessidade de ter mais capacidade de produção para suprir a demanda crescente que vislumbramos, principalmente se o mercado brasileiro seguir os mercados globais de armazenamento de energia”, complementou Fernandes.

Expectativa é atingir faturamento de R$ 1,2 bilhão este ano

Recentemente, a UCB abriu uma operação comercial na França para aproveitar os mercados europeu e africano, dos quais acredita ter grandes oportunidades de vendas. A empresa não tem interesse, no momento, de abrir filiais em outros países, sendo que o plano a curto e médio prazo é ampliar as operações por lá, onde pode, inclusive, ter uma planta industrial no futuro.

Vale dizer que a companhia emprega, hoje, cerca de 800 colaboradores nas duas fábricas brasileiras.

A expansão de Extrema, além de ampliar o número de funcionários, aumentará a participação de vendas dos BESS no faturamento da marca, de 5% a 10%, previsto para 2024, para 20% a 30%, em 2025. Ao todo, a fabricante faturou, em 2023, R$ 1 bilhão, com Ebtida de R$ 130 milhões, e espera atingir R$ 1,2 bilhão neste ano, com Ebitda de R$ 180 milhões, em valores aproximados.

Minas poderia liderar discussão sobre um plano nacional de células e baterias, diz CEO

Na opinião do CEO da UCB, George Fernandes, o Brasil precisa pautar, impreterivelmente, uma discussão mais ampla sobre ter uma fábrica de células de lítio no País. Isso porque boa parte das reservas do mineral estão na América do Sul e o mercado brasileiro dispõe de grandes fabricantes de baterias.

Para Fernandes, Minas Gerais poderia, inclusive, liderar a conversa para construção de um plano nacional de produção de células e baterias. Neste caso, vale destacar que a maior reserva nacional de lítio está justamente localizada no Estado, entre os vales do Jequitinhonha e do Mucuri.

Conhecido como “mineral do futuro”, o lítio é considerado essencial para a descarbonização da economia e transição energética, temas prioritários para o governo estadual. O Executivo recorda que a companhia está presente em Minas Gerais há quase 20 anos e isso demonstra que sempre acreditaram no potencial mineiro em ser um berço dessa transformação. Contudo, para Fernandes, ainda falta ao Estado construir e consolidar, de fato, um ecossistema de empresas com este propósito.

“Acredito que Minas Gerais poderia incentivar mais esse hub de transição energética, fortalecendo ou tentando fortalecer as parcerias entre as próprias empresas no Estado. Como exemplo, seria importante que as companhias que estão presentes e utilizam baterias, recebessem algum incentivo para utilizar as baterias produzidas localmente. Isso favoreceria muito a construção de um ecossistema de transição energética dentro de Minas Gerais”, opinou.

Atualmente, os produtos fabricados pela UCB são, em maior parte, vendidos no próprio mercado brasileiro, especialmente na região Norte do País. Na fábrica de Extrema, inaugurada em 2005, são produzidas soluções utilizadas na Floresta Amazônica, por exemplo. Entretanto, o Estado não está entre os principais clientes da marca e, para o CEO, talvez falte justamente esse incentivo.

O head de Marketing da UCB, Leonardo Lins, explica que o mercado mineiro ainda é pequeno, pois o foco da fabricante é a venda de baterias, e outras regiões do País consomem mais este tipo de item. Segundo ele, com a expansão produtiva no Estado, para produção de sistemas de armazenamento de energia com baterias, a tendência é que Minas Gerais seja um forte cliente, já que os equipamentos BESS desempenham um papel importante na geração de energia limpa.

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