Ufla desenvolve hidrogel sustentável para auxiliar na irrigação da agricultura
A Universidade Federal de Lavras (Ufla) desenvolve hidrogel sustentável para auxiliar na irrigação de plantas durante os períodos de seca. O produto, feito com resíduos da indústria de papel, retém grandes volumes de água no solo e libera gradualmente para as plantas.
Os pesquisadores do Departamento de Ciências Florestais (DCF) testaram o material em mudas de café e eucalipto, produtos muito presentes na agricultura da região e de Minas Gerais. O projeto conta com gestão administrativa e financeira da Fundação de Desenvolvimento Científico e Cultural (FUNDECC) e é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
O professor e coordenador do projeto, Lourival Marin, afirma que, por exemplo, no caso dos veranicos – períodos de calor intenso atípicos durante o inverno ou outono, que podem afetar a agricultura -, o produto irriga as plantas, reduzindo possíveis perdas decorrentes da mudança climática. Outro ponto destacado é a possibilidade de poder disponibilizar nutrientes para as plantas por meio do hidrogel.
O produto também pode ter aplicações em plantas residenciais e hortas urbanas, como aponta a pesquisadora e pós-doutoranda em Engenharia de Biomateriais, Cíntia Silva.
“Pensando no futuro, esse hidrogel pode chegar ao uso doméstico, facilitando o cuidado com plantas em casa, hortas escolares e comunitárias, já que ajuda a manter o solo úmido por mais tempo e reduz a necessidade de irrigação”, afirmou.
Como é feito o hidrogel sustentável?
Feito do corte e trituração de tubos de papel, até ficarem com consistência de polpa, o material passa por tratamento químicos, similares aos usados na indústria de papel e celulose, mas usando menos resíduos químicos, o que reduz o impacto ambiental.
Por fim, esse material é submetido a um equipamento que transforma as fibras em uma escala nanométrica, muito inferior a um fio de cabelo, que é capaz de reter um grande volume de água, o que dá origem ao hidrogel.
A diferença deste para os que já são comercializados no País, segundo o professor Marin, é a duração e o impacto ambiental.
“A vida do nosso hidrogel é um pouco maior que a do hidrogel comercial, mas é mais biodegradável. Quando ela termina, é incorporada ao solo, já que é produzida com produtos orgânicos. Já o comercial é produzido com derivados do petróleo, então tem uma dificuldade maior de degradação”, afirmou o professor.
Novas tecnologias e desenvolvimento de produtos
O professor Lourival Marin afirmou que o produto fortalece a pesquisa nacional e busca reduzir a dependência dos produtores brasileiros de conhecimento ou bens importados.
Marin adiantou que a pesquisa também vem trabalhando com o uso do soro do leite como forma de produzir hidrogel. A intenção é usar mais um subproduto da fabricação de laticínios para o mercado.
“Estamos testando outros ingredientes que são resíduos, principalmente da indústria de laticínios, que são soros de leite que mostraram ser um excelente agente reticulante”, afirmou.
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