Economia

Usiminas pode fazer cortes em investimentos para o segundo semestre

Mudança nos planos de investimentos pode ser feita caso o governo federal não tome medidas para evitar a entrada de aço subsidiado
Atualizado em 25 de abril de 2025 • 07:50
Usiminas pode fazer cortes em investimentos para o segundo semestre
Crédito: Divulgação/Elvira Nascimento

A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) pretende revisar para baixo o plano de investimentos para o segundo semestre caso o governo federal não tome medidas concretas e eficazes para evitar a entrada de aço subsidiado no País. A revisão significaria desacelerar projetos não vinculados com o meio ambiente, já que estes são considerados prioritários.

O alerta foi feito pelo CEO da empresa, Marcelo Chara, nesta quinta-feira (24), durante conferência com analistas sobre os resultados do grupo no primeiro trimestre. Conforme ele, por enquanto, o planejamento de investir R$ 1,5 bilhão em 2025 segue inalterado.

“Para a Usiminas, a falta de aplicação de medidas eficazes para criar condições justas de concorrência ante a forte presença de importações subsidiadas é a principal ameaça à sustentabilidade do setor siderúrgico brasileiro e toda a sua cadeia de valor”, enfatizou.

Dados do Instituto Aço Brasil mostram que o volume de aço importado pelo País aumentou 29,6% nos primeiros três meses deste ano em comparação com o mesmo intervalo de 2024, para 1,7 milhão de toneladas. A China, acusada de comércio predatório pela siderurgia brasileira, respondeu por 65,2% das importações (1,1 milhão de toneladas).

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Segundo o executivo da Usiminas, relatórios preliminares de uma investigação da Secretária de Comércio Exterior (Secex) indicaram dumping dos chineses em envios de laminados a frio e revestidos, mas nenhuma recomendação de aplicação do direito antidumping foi anunciada até o momento. De acordo com ele, a inércia do governo federal vai contra o que vários países têm feito para proteger a indústria local e manter empregos e investimentos.

Chara também sublinhou a ineficiência do sistema brasileiro de cota-tarifa, em vigor desde 1º de junho do ano passado, com validade de 12 meses. O CEO afirmou que a medida não teve impacto algum e que precisa urgentemente de uma reconfiguração.

Ele destacou que o governo precisa avançar já na próxima semana para uma definição de como o mecanismo de defesa comercial será remodelado. Sobre a investigação do Secex, o prazo técnico final para a adoção de medidas antidumping é outubro, conforme o executivo.

Usiminas deve acelerar capex no segundo trimestre

Enquanto aguarda uma posição mais firme do governo federal em prol do setor siderúrgico e mantém o capex programado para 2025, a Usiminas deve acelerar o ritmo de investimentos no segundo trimestre, segundo o vice-presidente de Finanças e de Relação com Investidores da empresa, Thiago Rodrigues. No primeiro trimestre, o valor investido foi de R$ 219 milhões, dos quais 87% direcionados à siderurgia e 13% para a mineração.

Atualmente, o grupo está aplicando capital em projetos como a reforma da Coqueria 2 da usina de Ipatinga, a instalação da nova planta de PCI (Sistema de Injeção de Carvão Pulverizado) do alto-forno 3, também no Vale do Aço, e a descaracterização da barragem Samambaia, em Itatiaiuçu, na região Central de Minas Gerais.

Sob pressão, siderúrgica poderá reajustar preços

Sob pressão das elevadas importações de aço, além da valorização do real frente ao dólar, a Usiminas também planeja reajustar preços. O vice-presidente comercial da empresa, Miguel Homes, disse que, até o momento, os valores não foram alterados, mas se o cenário atual for mantido, pode se esperar reajustes nos valores das negociações spot nas próximas semanas.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas