Usiminas pode reativar alto-forno 3 de Ipatinga em outubro

A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) pode reativar o alto-forno 3 da usina de Ipatinga, na região do Vale do Aço, em outubro, de acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e Região (Sindipa), Geraldo Magela Duarte. Previsto inicialmente para ser reativado em setembro, o equipamento passa por reformas desde o mês de abril.
O alto-forno 3 é o maior equipamento de produção de aço bruto da companhia e o processo de modernização do local conta com um investimento total de R$ 2,7 bilhões. As intervenções pretendem trazer uma série de benefícios, permitindo a otimização da fabricação na planta, assim como melhorias no tratamento ao meio ambiente, com a redução de gases de efeito estufa.
Em entrevista à Reuters, Duarte declarou que a informação que o sindicato tem hoje é que a Usiminas acredita que na primeira quinzena de outubro o alto-forno 3 será religado. Ele ressaltou, porém, que não há uma data estimada para o religamento. “Não há uma data definida, está faltando apenas 1% dos trabalhos da reforma, coisas simples, se os testes correrem bem”, disse.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da empresa ressaltou que as obras do projeto estão em fase final, mas não deu detalhes sobre a situação e não precisou a data da reativação.
Na conversa com a agência de notícias, o dirigente também afirmou que o sindicato está em negociações com a Usiminas sobre a implementação de um esquema de trabalho de quatro dias em dois turnos, com quatro dias de folga. A escala é conhecida como 4×4 de 12 horas.
Usiminas avalia reformas de altos-fornos 1 e 2
Em junho deste ano, o presidente da Usiminas, Alberto Ono, disse, em entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, que intervenções nos altos-fornos 1 e 2 de Ipatinga não estão descartadas e que as obras poderiam ocorrer a partir de 2027. Por enquanto, no entanto, a siderúrgica estuda a melhor estratégia para as adequações: reforma ou troca dos equipamentos.
“Teoricamente, teríamos que fazer uma reforma nos altos-fornos menores a partir de 2027 ou 2028, mas ainda estamos avaliando. São outros dois altos-fornos menores e, em termos de tecnologia, mais antigos. Então, talvez não adiante apenas uma reforma”, informou.
“Precisamos analisar o que é melhor, porque quando consideramos, por exemplo, a descarbonização, com tantas mudanças tecnológicas, pode ser que tenhamos que avaliar outras rotas de produção. E como isso deve ocorrer apenas em 2027, temos tempo para discutir o que fazer”, comentou Ono sobre a possibilidade de ser mais viável construir novos altos-fornos.
O executivo também comentou, na ocasião, que após a reforma do alto-forno 3, a estrutura poderá operar em sua capacidade máxima, recuperando cerca de 20% da sua capacidade de produção original, que é de 3 milhões de toneladas. Conforme ele, isso vai elevar a produção total da usina para 4,5 milhões de toneladas. Ainda segundo Omo, o objetiva garantir o funcionamento do equipamento por mais 15 ou 20 anos e modernizá-lo para maior eficiência e redução de custos.
Religamento pode ocorrer em momento negativo do setor
O religamento do alto-forno 3 da Usiminas pode acontecer em um momento negativo da indústria de aço. Operando com uma ociosidade de 40% e com previsões de quedas de 5% na produção, 6% nas vendas internas, 2,3% no consumo aparente, 0,3% nas exportações e uma alta de 40% nas importações, o setor siderúrgico vive uma “tempestade perfeita” e clama por medidas do governo federal.
A Gerdau, por exemplo, já sente os efeitos do cenário desfavorável e anunciou que paralisou parte de sua capacidade produtiva no Brasil em função da “inundação” de aço, principalmente, do mercado chinês no País. Cerca de 600 colaboradores da siderúrgica estão com contratos de trabalho suspensos temporariamente. Em Minas Gerais, porém, a produção não foi afetada.
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