Usiminas registra prejuízo de R$ 3,5 bilhões no terceiro trimestre de 2025
A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) anunciou ao mercado, nesta sexta-feira (24), um prejuízo de R$ 3,5 bilhões no terceiro trimestre do ano (3T25). O resultado foi impactado pela baixa contábil (impairment) de ativos. No mesmo período do ano passado, a empresa registrou lucro de R$ 184,66 milhões.
Conforme informou o vice-presidente de finanças e relações com investidores da companhia, Thiago Rodrigues, em teleconferência com analistas e investidores na manhã desta sexta, a administração da empresa realizou, como previsto, uma análise de recuperabilidade de seus ativos, baseada no ambiente macroeconômico e na situação de mercado, o que resultou em uma perda por impairment, ou seja, uma desvalorização de ativos no valor de R$ 2,2 bilhões, além de R$ 1,4 bilhão pela avaliação de recuperabilidade de impostos diferidos. No entanto, segundo Rodrigues, esses lançamentos não têm efeito no caixa.
“As empresas precisam anualmente avaliar a recuperabilidade dos seus ativos e essa avaliação é feita com base em premissas baseadas no ambiente macroeconômico do mercado atual, que vão desde as taxas de câmbio, de juros até demandas e preços de matérias-primas. A atualização dessas premissas fez com que a gente registrasse o impairment”, declarou Rodrigues.
Ebitda ajustado subiu 6% e chegou a R$ 434 milhões
No entanto, o presidente da Usiminas, Marcelo Chara, afirmou que a empresa encerrou o terceiro trimestre com sinais de recuperação em suas principais frentes de negócios. No balanço divulgado, o Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia, que mede o desempenho operacional, subiu 6% em relação ao trimestre anterior, chegando a R$ 434 milhões. Na comparação anual, o avanço foi de 2%.
A receita líquida, por sua vez, no 3T25 alcançou R$ 6,6 bilhões, em linha com a reportada no 2T25 (R$ 6,6 bilhões). A margem Ebitda ajustada atingiu 7%, um avanço de 0,3 ponto percentual ante o terceiro trimestre de 2024.
O fluxo de caixa operacional líquido também teve destaque positivo, encerrando o trimestre em R$ 878 milhões. Reflexo, conforme informou a empresa, da redução de R$ 586 milhões no capital de giro que teria permitido à companhia a redução de 68,7% da dívida líquida no terceiro trimestre, atingindo um patamar de R$ 327 milhões.
O desempenho, segundo Chara, teria sido impactado pela continuidade do plano de redução de custos e da redução de despesas na unidade de Siderurgia, juntamente com os maiores volumes e preços de vendas na unidade de Mineração.
Outro fator que o CEO da empresa aponta como relevante para o resultado é a maior geração de caixa, superior a R$ 600 milhões no período, e a redução da alavancagem financeira.
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Preocupação com importação de aço pelo Brasil
Mesmo com os resultados positivos, Marcelo Chara reforçou a preocupação com o avanço das importações de aço pelo Brasil, especialmente da China. “As importações avançaram 33% nos nove meses de 2025, comparado ao mesmo período do ano passado. Não estamos percebendo de forma clara o efeito do sistema de cota-tarifa sobre a penetração das importações, mas as medidas antidumping contra China e Coreia do Sul estão avançadas, o que nos traz confiança na capacidade técnica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços para recomendar medidas eficazes contra o grave dano que afeta toda a cadeia do aço no Brasil”, pontuou.
Para contextualizar o cenário, Chara lembrou que, em função do desequilíbrio do comércio internacional, já foram observados movimentos importantes, como o dos Estados Unidos, que elevaram suas tarifas sobre o aço importado, e a Europa, que está propondo endurecer as medidas atuais como forma de defender empregos e a indústria local.
Expectativa de receita estável
Para o quarto trimestre, a empresa espera continuar com redução de custos por eficiência e preços de matérias-primas. A expectativa, conforme os executivos, é que a receita líquida por tonelada continue estável e com volumes menores de vendas, comuns aos efeitos sazonais do final do ano, porém mantendo para o ano de 2025 um volume superior ao de 2024, conforme planejamento da empresa.
O presidente da Usiminas reforça que, apesar dos desafios do ambiente externo e das pressões sobre a indústria nacional, a empresa segue confiante na própria capacidade de se adaptar e entregar valor sustentável a clientes e acionistas.
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