Economia

Usinas pedem ajuda do governo para estocar etanol

Usinas pedem ajuda do governo para estocar etanol

São Paulo – O setor de etanol do Brasil tem buscado ajuda do governo federal para obter financiamento via instituições oficiais para estocar 6 bilhões de litros do biocombustível da safra 2020/21, o que permitiria a continuidade da colheita recém-iniciada no Centro-Sul, diante da queda drástica de preços e demanda pela crise do coronavírus, disse uma das principais lideranças da indústria no País.

Em entrevista à Reuters ontem, o presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Evandro Gussi, afirmou ainda que o financiamento, que poderia manter nos estoques volume equivalente a quase 25% da produção da safra 2020/21, exigiria R$ 9 bilhões.

“O que estamos pedindo é uma solução financeira de mercado, que é um financiamento desenhado pelos bancos oficiais que possa fazer frente a este início da safra, quando se tem o maior dispêndio de recursos, dando como garantia etanol em tanques lacrados, supervisionados por controladoras de primeira linha”, disse Gussi.

Segundo ele, o financiamento para estoques de etanol teria que ter prazo de dois anos e juros semelhantes aos concedidos em pacotes emergenciais para outros setores.

“Seria uma linha de crédito, na linha do que o governo já tem feito para evitar outros colapsos. Solução relativamente simples e que se não for tomada vai no fundo gerar um problema que o governo terá que resolver com medidas muito mais drásticas”, afirmou ele.

Segundo Gussi, sem medidas emergenciais aprovadas rapidamente, no máximo até a semana que vem, usinas de cana já começariam a parar atividades em duas ou três semanas.

“Se não for feito, as usinas param, porque não terão fluxo de caixa. Ninguém está falando de lucrar neste momento, é sobreviver. Se a usina para, param os colaboradores e os fornecedores de cana”, disse ele, destacando que o setor emprega, entre diretos e indiretos, 2 milhões de pessoas.

PIS/Cofins – O presidente da Unica, que representa as usinas do Centro-Sul, onde está cerca de 90% da cana do Brasil, detalhou ainda o pedido do setor para isenção de PIS/Cofins para o etanol, que, segundo ele, deve ser retirado para toda a cadeia produtora, incluindo distribuidoras.

Atualmente, produtores pagam 13 centavos de real por litro de PIS/Cofins, enquanto distribuidores arrecadam 11 centavos sobre vendas de etanol.

Questionado se a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) da gasolina poderia subir de 10 para 50 centavos por litro, para aumentar a competitividade do etanol, o presidente da Unica disse que “esse é um número que o Ministério de Minas e Energia tem estudado”, e que a avaliação leva em conta impactos ao consumidor.

Para Gussi, a safra de cana do Centro-Sul tem potencial de ser uma das maiores da história, superando 600 milhões de toneladas, mas depende de medidas de apoio. (Reuters)

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