Economia

Usinas seguram preços do aço apesar de importações recordes

Por cautela, distribuidoras reduziram as compras em setembro; volume foi de 322,8 mil toneladas, próximo ao de vendas
Usinas seguram preços do aço apesar de importações recordes
Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo Diário do Comércio

Em setembro, as distribuidoras de aços planos reduziram as compras. Com queda de 6,6% frente a agosto e de 2% frente a setembro, foram adquiridas 322,8 mil toneladas de aço em todo o País. O volume ficou muito próximo às vendas, que chegaram a 323,3 mil toneladas no nono mês de 2023. A posição de cautela do setor se deve ao aumento desenfreado das importações de aço, que está pressionando as usinas em relação aos preços, que podem cair.  

Conforme os dados do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), em setembro, as vendas pelas distribuidoras registraram queda de 5,8% quando comparada a agosto, atingindo o montante de 323,3 mil toneladas contra 343,4 mil. Frente ao mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 323,5 mil toneladas, o volume ficou estável. 

O presidente do Inda, Carlos Loureiro, explica que o setor segue comprando apenas o necessário para atender a demanda por aço. Isso porque há uma oferta maior de aços planos no mercado, estimulada pela elevada importação. Apesar de as usinas seguirem segurando os preços, a pressão é grande para redução.

“Em setembro, a diferença entre o volume de vendas nas distribuidoras, 323,3 mil toneladas, e a compra, 322,8 mil toneladas, foi muito pequena, cerca de 500 toneladas. As compras ficaram menores que as vendas. Então, realmente, a postura do setor é de muita disciplina no sentido de não deixar o estoque subir frente ao cenário de alta volatilidade”.

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Conforme os dados do Inda, em número absoluto, o estoque de setembro foi reduzido em 0,1% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 843,4 mil toneladas contra 843,9 mil. Assim, o giro de estoque fechou em 2,6 meses.

Importações de aço em alta

As importações cresceram 34,1% em setembro na comparação com o mês anterior, chegando, então, ao volume total de 309,8 mil toneladas contra 231 mil. Já em relação à igual mês de 2022, as importações registraram alta de 184,9%.

Com o volume, de janeiro a setembro, as compras de aço no exterior já somam 1,79 milhão de toneladas, superando em 52,1% o volume registrado em igual intervalo de 2022.

“Setembro, realmente, foi um mês fora da curva nas importações, resultando, assim, na maior compra mensal de aço plano comum. O produto veio, basicamente, da China. Das 339 mil toneladas importadas, 280 mil toneladas são de aço chines. O volume de importação representa uma Usiminas”, disse Loureiro. 

Dumping

Conforme o representante do Inda, o preço mais competitivo do aço vindo da China estimula as importações. Analisando a situação, Loureiro ressalta que o país asiático tem praticado dumping.

“Pelos custos, a gente vê que, realmente, não é um problema de preço baixo. Está muito claro o dumping. Hoje, definitivamente, as usinas chinesas estão vendendo abaixo do custo fixo, sem levar mais absolutamente nada em conta. O valor praticado não cobre mão de obra, energia, frete, investimentos. A cada tonelada que sai da China, sai um cheque de US$ 150 por tonelada de subsídio do governo chinês para cobrir os prejuízos das usinas. Por isso, cabe uma discussão de se ter, ainda que provisório, algo para segurar as importações. Não estou entrando no mérito de proteção de mercado, a não ser que o dumping seja uma atividade normal e lícita”, disse Loureiro. 

Importação de aço pode interferir nas negociações de preços com as usinas

Com o aumento expressivo das importações de aço, o mercado segue instável e as negociações devem ficar desfavoráveis para as usinas, uma vez que com a alta importação, a tendência é de queda dos preços.

As negociações com as montadoras de aços planos para o próximo ano, podem ser desfavoráveis para as usinas. Já que o cenário atual é de alta importação e desaceleração da indústria automotiva. “Será difícil para as usinas manterem os preços. As condições para as usinas discutirem são muito mais no sentido de desconto do que de manutenção dos valores”, disse.  

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