Economia

Utilização da capacidade das siderúrgicas do País supera 70%

Utilização da capacidade das siderúrgicas do País supera 70%
Produção brasileira de aço bruto cresceu 11% em janeiro e o consumo aparente avançou 25% no mesmo período, aponta o Aço Brasil | Crédito: Divulgação - ArcelorMittal

Depois de registrar o menor índice de utilização da capacidade instalada da série histórica iniciada em 2002, com 45,4% em meados do ano passado, o parque siderúrgico nacional iniciou 2021 com a demanda aquecida.

Em dois meses o setor já apura utilização acima de 70%, resultado superior à média dos últimos cinco anos. O patamar considerado ideal pela indústria do aço é na faixa de 80%.

No auge da crise econômica imposta pela pandemia de Covid-19, 14 altos-fornos chegaram a ser desligados em todo o País, dos quais, sete localizados em Minas Gerais. Hoje restam cinco abafados, sendo dois em usinas mineiras. Um deles é o alto-forno 2 da Usiminas na unidade de Ipatinga (Vale do Aço), previsto para ser religado em junho.

De acordo com o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (Aço Brasil), Marco Polo de Mello Lopes, se as projeções traçadas para o exercício forem cumpridas, certamente, outros equipamentos serão retomados e o grau de utilização do parque siderúrgico nacional vai aumentar ainda mais. Ele se refere, por exemplo, à expectativa de crescimento de 6,7% na produção de aço bruto, atingindo 33,04 milhões de toneladas em 2021.

Outras expectativas dão conta de alta de 53,8% no consumo aparente, chegando a 22,44 milhões de toneladas; de 5,3% nas vendas internas, com resultado de 20,27 milhões de toneladas.

As exportações devem crescer 9%, resultando em 11,71 milhões de toneladas e alcançando receitas de US$ 5,84 bilhões; e as importações 9,8% no volume (2,22 milhões de toneladas) e em valores US$ 2,35 bilhões.

“Toda essa percepção está vinculada a cenários macroeconômicos que passam pela vacinação em massa da população e medidas de apoio aos desassistidos; pela retomada da economia com ajuste fiscal e as reformas tributária e administrativa; e a recuperação da competitividade sistêmica com a redução do custo Brasil. E essas não são premissas só da indústria do aço. Elas valem para a indústria de transformação como um todo”, alertou.

Produção – Apenas em janeiro, a produção brasileira de aço cresceu 11% na comparação com o mesmo mês do ano passado, representando a maior expansão desde janeiro de 2019. Na mesma relação, as vendas internas evoluíram 26% e o consumo aparente teve alta de 25%, maior percentual desde março de 2015. “Foi uma performance bastante positiva com vários recordes”, comentou.

Lopes classificou 2020 como um “tsunami”, que impactou toda a economia global com a pandemia do novo coronavírus. No início de 2020, segundo ele, o otimismo imperava, com projeção de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,2%; a expectativa de avanço da reforma tributária; a taxa de juro básica Selic em queda; e o Índice de Confiança da Indústria do Aço (Icia) marcando 73,4 pontos, o maior da série.

Fases – Assim, o Instituto dividiu o exercício em duas fases: a primeira marcada por crise de demanda e a segunda por crise de abastecimento.

“Na primeira fase as vendas internas despencaram. Na segunda houve a retomada a partir da flexibilização das medidas de distanciamento social, concessão do auxílio emergencial e retomada das atividades de comércio e serviços. Foi uma recuperação em V, um fenômeno de mercado com uma retomada vigorosa, acima do que se esperava”, classificou.

Como consequência uma crise de desabastecimento, que o presidente executivo do Aço Brasil relacionou não apenas a elevada demanda, mas também ao que chamou de boom de commodities que se observa em todo o mundo, mas que se tende a um equilíbrio natural. E uma escalada nos preços, que Lopes ponderou não ser exclusividade do Brasil.

“O preço do aço é uma questão de mercado e o impacto do custo da matéria-prima é grande. De dezembro de 2019 a dezembro de 2020, por exemplo, o preço da bobina a quente nos Estados Unidos variou 64,2%, enquanto no Brasil 34%. Já o vergalhão aumentou 37,5% no México e 30,4% no Brasil”, exemplificou.

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