Economia

Vale afirma ter plano para retomar a capacidade

Vale afirma ter plano para retomar a capacidade
Crédito: REUTERS/Washington Alves

São Paulo – A Vale segue buscando suas metas de produção de minério de ferro em 2020 e tem um “plano claro” para retomar capacidade de 400 milhões de toneladas ao ano da commodity em 2022, disseram diretores da companhia ontem.

Para os executivos da empresa, que no ano passado perdeu o posto de maior produtora de minério de ferro para a australiana Rio Tinto em função das paralisações de unidades decorrentes de tragédia em Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte), a companhia é a única capaz de entregar 100 milhões de toneladas adicionais em dois anos para atender à forte demanda da China pela matéria-prima siderúrgica.

As 400 milhões de toneladas, uma meta anual estabelecida antes do desastre de Brumadinho em 2019, representariam um crescimento importante para a companhia. A Vale tem aos poucos transformado o método de produção de minério para evitar novos desastres ambientais.

A Vale afirma ainda perseguir para este ano a meta de 310-330 milhões de toneladas, apesar de dificuldades apontadas pelo mercado.

Recentemente, a Vale afirmou ser provável que a produção deste ano fique na extremidade inferior da meta, devido aos impactos do Covid-19, chuvas fortes e também às dificuldades adicionais para a retomada de operações paradas na esteira do desastre de Brumadinho.

Em apresentação ontem após a divulgação dos resultados do segundo trimestre, a companhia indicou que a produção no segundo semestre deverá ser maior do que 183 milhões de toneladas, após a empresa produzir 127 milhões de toneladas no primeiro semestre.

Analistas já haviam chamado a atenção para o fato de a companhia ter de produzir cerca de 91 milhões de toneladas por trimestre no restante deste ano para alcançar a meta, o que significaria um ritmo 35% superior ao registrado no segundo trimestre.

Sistema Norte – Entre os trunfos da companhia está a maior produção no Sistema Norte, onde está o complexo de Carajás, o maior de minério de ferro do mundo. A Vale tem se voltado para o crescimento da produção no Norte, onde há maior processamento pelo método seco, mais seguro por dispensar barragens com rejeitos líquidos como as que se romperam em Mariana, em 2015, e em Brumadinho, em 2019, ambas no Estado natal da Vale em Minas Gerais.

O diretor-executivo de Ferrosos da Vale, Marcello Spinelli, disse que empreendimento de Carajás S11D bateu um recorde de produção diária na véspera, com 370 mil toneladas.

Spinelli lembrou que o Sistema Sul tem o desafio para retorno de produção de operações que estão próximas de barragens a montante, enquanto no Sistema Sudeste questões ligadas às estruturas de rejeitos já foram superadas.

O executivo destacou ainda a construção da barragem Torto, que deve ser concluída em 2021, permitindo que a mina de Brucutu, a maior da Vale em Minas Gerais, atinja 100% de sua capacidade.

Além disso, o diretor financeiro da companhia, Luciano Siani, reiterou que espera a retomada da Samarco, joint venture da Vale e BHP, até dezembro ou início de 2021. As operações estão suspensas depois do rompimento de uma barragem em Mariana em 2015.

Impostos – A Vale divulgou ontem que pagou um total de US$ 4,5 bilhões em impostos e royalties em âmbito global devido às suas atividades em 2019, o equivalente a cerca de R$ 23,2 bilhões.

Em um relatório com dados fiscais do ano passado divulgado ao mercado, a companhia disse que a maior parte desses recursos, ou US$ 4,25 bilhões, foi em pagamentos no Brasil, onde fica a sede da companhia e parte significativa de suas operações.

A Vale disse que o relatório, no qual afirma adotar uma “abordagem conservadora em relação ao planejamento tributário”, visa fornecer informações sobre a estratégia tributária global da empresa e práticas para cumprimento das leis tributárias.

Os tributos pagos pela companhia envolveram US$ 1,837 bilhão em tributos sobre a renda, US$ 947 milhões em tributos sobre mineração e US$ 631 milhões em taxas sobre produtos e serviços.

Balanço – A mineradora anunciou na quarta-feira (29) um lucro líquido de US$ 995 milhões no segundo trimestre, ante um prejuízo de US$ 133 milhões no mesmo período do ano passado.

A companhia também reportou um crescimento de 8,8% na geração de caixa medida pelo Ebitda ajustado, para US$ 3,37 bilhões, devido principalmente aos maiores preços realizados do minério de ferro, “refletindo a demanda saudável vinda da China”.

O preço realizado CFR/FOB do minério de ferro da companhia totalizou US$ 88,9 por tonelada no segundo trimestre, um aumento de US$ 5,1 ante o primeiro trimestre, após a retomada da atividade industrial na China, com a redução de casos de Covid-19. (Reuters)

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