Vale anuncia retomada de Timbopeba

Rio – A Vale prevê retomar as operações de processamento a seco na mina de Timbopeba, parte do Complexo Mariana (região Central do Estado), na próxima semana, com produção mensal de aproximadamente 330 mil toneladas de finos de minério de ferro, informou a companhia nessa quarta-feira (29).
As operações de Timbopeba foram suspensas desde março de 2019, juntamente com diversas outras, em meio a uma revisão da segurança das operações da companhia após o rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em janeiro do ano passado.
“Esperamos retomar as atividades de Timbopeba já na próxima semana. Essa é mais uma importante ação… para retomar e estabilizar nossa produção de minério de ferro no sistema Sul e Sudeste», disse o diretor-presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, durante teleconferência com analistas e investidores.
A produção foi autorizada por auditoria externa contratada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, conforme acordo entre a Vale e os Promotores na Ação Civil Pública de Timbopeba, informou a empresa em seguida, em comunicado ao mercado.
“Testes de gatilho de vibração foram concluídos em janeiro de 2020 e foi certificada a ausência de impacto nas estruturas geotécnicas do site, que permitiu o reinício das operações de processamento a seco com produção mensal de aproximadamente 330 mil toneladas de finos de minério de ferro”, disse a empresa.
As atividades de processamento a úmido na mina de Timbopeba, por sua vez, devem ser retomadas no quarto trimestre, permitindo à operação atingir sua capacidade total de produção de cerca de 1 milhão de toneladas por mês.
A retomada é prevista após a conclusão da construção de um duto para a disposição de rejeitos na cava de Timbopeba e depende de autorização externa.
“Alternativas para antecipar a retomada das atividades de processamento a úmido estão em avaliação”, acrescentou a Vale.
A retomada do processamento a seco e o retorno esperado do processamento a úmido no quarto trimestre já estão incluídos na previsão de produção de finos de minério de ferro da Vale para 2020, de 310-330 milhões de toneladas.
Balanço – A companhia registrou lucro líquido de US$ 239 milhões no primeiro trimestre, ante prejuízo de US$ 1,64 bilhão no mesmo período do ano passado, informou a companhia na terça-feira (28).
O resultado também melhorou ante o último trimestre de 2019, quando a empresa registrou um prejuízo de US$ 1,56 bilhão, ao ser impactada por baixas contábeis em ativos de níquel e carvão e provisões relacionadas ao rompimento de barragem em Brumadinho.
A empresa destacou que o resultado financeiro do primeiro trimestre foi fortemente impactado pela desvalorização do real frente ao dólar, principalmente através do decréscimo no valor dos derivativos utilizados como hedge dos compromissos denominados em reais.
A Vale lembrou que protege parte de seus compromissos denominados em reais, tais como dívidas e futuros desembolsos relacionados à tragédia de Brumadinho, que já demandaram R$ 3,6 bilhões, entre acordos de indenização e pagamentos emergenciais.
Neste contexto, o resultado financeiro líquido foi negativo em US$ 2,285 bilhões entre janeiro e março, contra um resultado negativo de US$ 706 milhões no mesmo período de 2019 e de US$ 840 milhões no quarto trimestre.
Enquanto se recupera do desastre de Brumadinho, que matou mais de 250 pessoas no início do ano passado, a companhia ainda lida para conseguir retomar unidades produtivas, o que tem impactado negativamente sua produção e vendas, conforme informou em meados do mês.
Uma das maiores produtoras globais de minério de ferro, a empresa teve um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de US$ 2,88 bilhões no primeiro trimestre, ante um Ebitda negativo de US$ 652 milhões no mesmo período do ano passado e de US$ 3,536 bilhões no quarto trimestre.
O Ebitda ajustado de minerais ferrosos da companhia somou US$ 2,8 bilhões no primeiro trimestre, queda de 21% ante o mesmo período do ano passado e recuo de 37% na comparação com o quarto trimestre.
“Os volumes de venda reduziram-se 34% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre, como resultado, principalmente, da sazonalidade de menores volumes no primeiro trimestre, da interrupção parcial da planta de Brucutu e de manutenções programadas e não programadas realizadas no período”, disse a empresa. (Reuters)
Ouça a rádio de Minas