Vale do Lítio: Frente Mineira de Prefeitos quer mais diálogo com governo estadual

O presidente da Frente Mineira de Prefeitos (FMP), Daniel Sucupira, clama por mais diálogo por parte do governo de Minas quanto à implantação do Vale do Lítio. “Estamos vendo a movimentação de caminhões, o aumento da especulação imobiliária e não fomos chamados para discutir a implantação do Vale, as matrizes de investimentos”, diz Sucupira, que também é prefeito de Teófilo Otoni (PT-MG).
De acordo com ele, são iniciativas próprias dos prefeitos que estão envolvendo o governo federal e representantes das entidades sociais para discutir o tema. “Já realizamos um seminário na cidade de Araçuaí, em julho, em que convidamos, além do Ministério de Minas e Energia, a sociedade civil como a população indígena, quilombola e os sindicatos para a discussão”, alega Sucupira. O prefeito alega que representantes do governo estadual foram convidados, mas não compareceram.
Segundo ele, a intenção é que não se repitam agora erros já registrados no passado em outros ciclos econômicos quando houve explorações e nada foi deixado de legado ou investimento para a região, como foi o caso da exploração da madeira, das gemas e do ouro. “A gente sabe o potencial fantástico que nossa região tem e queremos uma exploração que possa trazer benefícios. Nosso objetivo é implantar o modelo mais sustentável e socialmente justo para nossa região”, afirma.
Outro exemplo de iniciativa própria ressaltada por Sucupira é a participação nos dias 8 e 9 de agosto do XII Seminário Internacional Lítio na região da América do Sul, que foi realizado na Argentina. Por meio da Frente Mineira de Prefeitos, ele convidou todos os gestores das cidades que integram o Vale do Lítio e onze formaram a caravana para o país vizinho.
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“Estou aqui, juntamente com a comitiva de prefeitos do Vale do Mucuri e Jequitinhonha, para discutir quais os modelos mais adaptados para a exploração do lítio, para discutir e conhecer novas tecnologias, estreitar o relacionamento com as empresas que atuam no setor e buscar iniciativas governamentais”, afirmou Sucupira.
O presidente da FMP explica que o seminário é o principal encontro da indústria global de lítio, realizado na cidade de Salta, no país vizinho. De acordo com ele, estar presente no evento é importante para realizar agendas técnicas, conferir tendências e conhecer as atividades e experiências de uma região que já convive com a exploração do lítio.
“É fundamental que os municípios tenham um maior panorama sobre produtos e mercados, análise de projetos, perspectiva econômica, sustentabilidade, gestão de recursos hídricos, relacionamento comunitário e novas tecnologias”, ressalta.
Vale do Lítio foi lançado em maio por Zema
O Vale do Lítio é um projeto econômico-social, lançado pelo governador Romeu Zema (Novo-MG), em maio deste ano, na bolsa de Nasdaq, em Nova York, nos Estados Unidos. Tem como objetivo desenvolver cidades na região Norte do Estado em torno da cadeia produtiva do lítio, gerando mais empregos e renda para a população das duas regiões.
O Vale é formado por 14 cidades do Norte e Nordeste mineiro. Sendo elas: Araçuaí, Capelinha, Coronel Murta, Itaobim, Itinga, Malacacheta, Medina, Minas Novas, Pedra Azul, Virgem da Lapa, Teófilo Otoni e Turmalina, no Nordeste de Minas, e Rubelita e Salinas, no Norte do Estado.
Atualmente, a Companhia Brasileira de Lítio (CBL) está em operação no Vale do Jequitinhonha e a Sigma, que obteve licença operacional em março e já embarcou, agora, em julho, 30 mil toneladas de materiais produzidos na região. Até o momento, a empresa canadense investiu R$ 3 bilhões no complexo do Vale do Jequitinhonha e destinará mais R$ 1 bilhão para a construção das duas novas linhas já planejadas.
O governo de Minas Gerais estima atrair até R$ 30 bilhões em investimentos para o Vale do Jequitinhonha até 2030, segundo informações da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), com a exploração e beneficiamento de lítio na região.
De acordo com os dados, até agora, já foram atraídos quatro grandes projetos de investimentos e desenvolvimento para o Vale do Lítio. Com as confirmações, estão previstos cerca de R$ 5 bilhões em recursos que serão direcionados a Minas. Os quatro empreendimentos firmados projetam mais de 3,7 mil postos de trabalho na região. As investidoras são: Latin Resources, Atlas Lithium, Sigma e MG LIT (Lithium Ionic), além da Companhia Brasileira de Lítio (CBL), que já opera na região.
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